Rafael Bravo Bucco
11/12/2013 – Começou hoje a 12a Oficina de Inclusão Digital (OID), em Brasília. O evento reúne telecentristas, pesquisadores, ativistas da inclusão digital e gestores públicos de políticas de inclusão sociodigital. A tônica desta edição deve ser a busca por voz ativa da sociedade na definição das ações de governo e a universalização do acesso às novas tecnologias.
Desde a edição passada, a sociedade civil organizada assumiu a realização do evento – antes capitaneado pelo Ministério das Comunicações. Este ano, não foi diferente. Associação Software Livre.org, Coletivo Digital, Saúde e Alegria, Avesol, Programando o Futuro, Instituto Nupef, Cidadania Digital, Sampa.org são os organizadores.
Há, porém, uma mudança no clima do evento. Enquanto em 2012 os ativistas reivindicavam a abertura de diálogo com o governo para realização e manutenção dos programas de inclusão digital, em 2013 a sinalização é positiva. Representantes do governo participam de diversas palestras. “Estamos construindo uma reaproximação. Esse diálogo voltou a acontecer. Pode ser consultivo, temos opiniões diferentes sobre diversas coisas, mas construção é isso, é falar e escutar e construir coisas que são possíveis ao longo do tempo”, diz Ricardo Fritsch, da ASL.org.
Para Beatriz Tibiriçá, a Beá, do Coletivo Digital, a universalização do acesso ainda está distante de acontecer, e o evento vem para escancarar essa realidade. “O central é recolocar a questão da inclusão digital em seu devido lugar. Não vamos ceder a quem diz que todos têm um telefone, um tablet em casa. A política de inclusão digital tem que andar como anda o mundo. Tem que ser entendida como inclusão sociodigital, e não como alfabetização digital. Não podemos cair nesse engodo de que o mercado resolve e que dá tratamento aos que não estão incluídos ainda. Temos que pensar em formas democráticas, colaborativas, e com a certeza de que temos muito o que fazer ainda na área.
Diego Aguilera, coordenador geral de formação da Secretaria de Inclusão Digital do Minicom, trouxe, no tom conciliador, o discurso de que o governo quer retomar o diálogo com os ativistas. “O evento prenuncia mais um embate de atuação conjunta contra a exclusão social do país. A gente tem uma leitura muito clara da dificuldade que é estabelecer um projeto de nação quando os mais ricos têm acesso a informação, e os mais pobres, tem pouco ou nenhum”, disse.
Ricardo Poppi, da secretaria geral da Presidência, responsável pelo Participa.br, lembra que a busca por diálogo e por ouvir os movimentos sociais ganhou força no governo a partir de junho. “Temos que pensar a participação social num contexto de novos pactos. É um momento de repactuação. Aí a importancia de este espaço ser protagonista para isso por reunir sociedade civil e governo. A gente podia sair daqui da OID com um pacto de gestão entre os representantes da sociedade aqui na Oficina e o governo”, propôs em coletiva com a imprensa.