09/09/2011
Você já ouviu falar do portal data.gov, dos Estados Unidos, ou do data.gov.uk, da Inglaterra? São portais onde os governos publicam bases de dados públicos, em formatos abertos e legíveis por computadores, para serem usados pela população. Esses dois países foram pioneiros na iniciativa de abrir seus dados. O Brasil ainda não tem um portal federal de dados abertos, mas está fazendo algo tão inovador quanto foi, há dois anos, o governo de um país abrir seus dados. Não, o Grupo de Trabalho da Infraestrutura Nacional de Dados Abertos (Inda), responsável pelo desenvolvimento, não está contratando nenhuma tecnologia cara, misteriosa, especial ou proprietária. A inovação é mais fundamental e coerente com o objetivo do portal, de praticar a transparência e estimular a participação dos cidadãos na política: o processo de desenvolvimento do portal é aberto.
Jonathan Gray, da fundação Open Knowledge Foundation(OKFN) — que desenvolve ferramentas para comunidades criarem, usarem e compartilharem conhecimento — definiu o processo de desenvolvimento do portal brasileiro com a frase “openly opening data“, ou “abrindo dados abertamente”.
A INDA é um conjunto de padrões, tecnologias, procedimentos e mecanismos de controle necessários para atender às condições de disseminação e compartilhamento de dados e informações públicas no modelo de dados abertos. E é um projeto desenvolvido abertamente. “A participação nas reuniões do Grupo de Trabalho e no desenvolvimento dos produtos é livre. Qualquer cidadão, empresa privada, grupo social ou instituição governamental tem espaço para opinar e colaborar”, explica Nitai Silva, analista em tecnologia da informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O Portal Brasileiros de Dados Abertos é uma das iniciativas que faz parte da Inda. “Servirá como ponto central para busca, acesso e cruzamento de dados do governo brasileiro”, conta ele. A meta do grupo de desenvolvimento do Portal Brasileiro de Dados Abertos é lançar uma versão inicial no final deste ano.
Como funciona a colaboração? Tanto com encontros presenciais (sprints), em que desenvolvedores trabalham no desenvolvimento do portal, quanto remotamente, por meio do endereço http://dev.dados.gov.br, onde está todo o código e orientação para participar do desenvolvimento. Não é necessário ser desenvolvedor para participar. Tudo é discutido pela lista de um dos grupos de trabalho da INDA, no endereço http://groups.google.com/group/lista-inda-gt3.
Hoje foi realizado o terceiro encontro de desenvolvimento. No primeiro, Friedrich Lindemberg, da OKFN, participou remotamente. Ele apoiou a configuração do CKAN, o catálogo de metadados dos dados registrados no portal, o “coração” do portal. “Todas as decisões são tomadas em conjunto com a comunidade. Seguimos várias práticas de metodologias ágeis. Dessa forma conseguimos tomar decisões e desenvolvê-las num curto espaço de tempo. Vários detalhes são discutidos remotamente, mas as sprints, encontros presenciais são essenciais para o envolvimento de todos e o desenvolvimento mais intenso”, conta Nitai. E reitera: “a colaboração de todos é bem vinda”.
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