PNBL deveria ter a relevância do Plano Real na campanha eleitoral

A declaração é dp presidente da Telebras, Rogério Santanna, para quem o PNBL é estratégico para o futuro do país.

12/08/2010
Da Convergência Digital

O presidente da Telebrás, Rogério Santanna, ao participar de painel na ABTA 2010, admitiu que o Plano Nacional de Banda Larga não está na pauta dos candidatos à sucessão eleitoral, ao ser indagado se a iniciativa seria mantida caso os candidatos de oposição, José Serra, do PSDB, e Marina Silva, do PV, venham a vencer o pleito de outubro. E lamentou a ausência de debate público sobre o tema.

“Estou convicto que o PNBL é estratégico para o futuro do Brasil e será sustentado pelos candidatos de oposição como o foi o Plano Real, pelo governo Lula. A banda larga é e será cada vez mais essencial para a competitividade do país globalmente. Sem ela, as empresas brasileiras perderão negócios e oportunidades. É questão de sobrevivência estar no jogo”, sustentou Santanna.

Mesmo ciente da relevância da banda larga para o projeto de expansão do país, o presidente da Telebrás admitiu que o futuro do PNBL – em caso de mudança de governo – não está delineado pela oposição. “O que me parece é que banda larga não está na lista de prioridade da campanha. Me parece uma questão absorvida pelos candidatos, que pouco tocam no assunto. O PNBL, no entanto, é uma estratégia de curto, médio e longo prazo”, reforçou.

Do ponto de vista do governo Lula – que termina seu mandato no final do ano – Santanna assegurou que a proposta desenhada para o PNBL está sendo posta em prática e a meta de levar conexão para 100 cidades, via backbone da Telebrás, será cumprida até dezembro. Lembrou ainda que todas as medidas que estão sendo tomadas pela Anatel – como a revisão das outorgas de cabo e/ou a realocação de espectro, como foi feito, agora com o 2,5GHz – estão, sim, condicionadas às diretrizes do PNBL.

“O governo com todos os seus meios,entre eles a Anatel, tenta agilizar o cumprimento desse objetivo. Fato é que infraestrutura barata é crucial e o backbone público é o único meio de levar concorrência para onde, hoje, ela não existe”, disse Santanna, remorando que, atualmente, a banda larga é competitiva em pouco menos de 200 cidades do país, com um preço de serviço ainda muito acima do desejado.

Em cerca de 2000 localidades, salientou, ela é monopolizada e ofertada pela concessionária de telefonia, e em pouco mais de 3000 municípios, o serviço simplesmente não chega por falta de interesse comercial das prestadoras privadas. “Não se muda esse cenário de um dia para o outro, mas é preciso, sim, tratar infraestrutura de banda larga como essencial”.

Confrontado mais uma vez sobre a necessidade de se ter uma empresa estatal para conduzir o PNBL, Santanna reafirmou que mais de 40 milhões de brasileiros permanecem sem qualquer chance de acesso ao serviço porque as prestadoras privadas não têm interesse de atendê-los e que é política pública de governo levar o acesso para essa população. “Se o mercado não quer atender,nós temos que fazer”, disse.

Questionado ainda sobre o papel da Oi no PNBL – a operadora tem uma capilaridade significativa – Santanna afirmou que a concessionária será tão parceira como qualquer outra que venha a ter interesse de participar do programa. “A capitalização da Oi, com a entrada da Portugal Telecom, poderá nos ajudar no sentido que a empresa poderá retomar investimentos em rede. Mas não há qualquer privilégio. Se a Telefónica quiser nos usar para entrar no Nordeste, por exemplo, estaremos preparados para atuarmos em sintonia”, sustentou.

E sem perder o seu viés crítico, o presidente da Telebrás sinalizou que desde o anúncio do PNBL e da retomada da Telebrás, os custos de conexão já tiveram uma redução significativa no Brasil. “A possibilidade da concorrência já estimulou ações voltadas para a queda do custo. Isso é muito bom para o usuário, para o pequeno provedor, mas queremos mais e vamos trabalhar para isso”, completou. Rogério Santanna participou do debate ” A explosão da Banda Larga”, realizado nesta quinta-feira, 12/08, na ABTA, evento do setor de TV por assinatura,na capital paulista.