05/08/2010
Os historiadores Peter Burke e Robert Darnton, em uma mesa desta noite na Feira Literal Internacional de Paraty (Flip), defenderam uma flexibilização de leis de patentes e direitos autorais como são hoje, em benefício do interesse público. “Nos últimos 20, 30 anos há uma tentativa de privatizar o conhecimento”, constatou Burke. “Descobertas científicas são imediatamente patenteadas (…) já se tentou transformar conhecimentos indígenas em patentes”.
“Precisamos nos opor a este interesse corporativo que defende que o conhecimento pertence a eles”, observou Darnton, para quem os direitos autorais são importantes, mas não podem criar monopólios. “O conhecimento pertence a toda a humanidade”, disse, e criticou a mudança da lei americana que, em 1998, ampliou o prazo de validade de direitos autorais de 14 para 70 anos.
Darnton acrescentou que este é “um momento sério e tudo está mudando. Temos o efeito combinado das novas mídias e de novas situações legais e todo tipo de interesses corporativos, que vão determinar o futuro dos livros”, explicou. “Espero que as mudanças aconteçam pelo bem público”.
O debate foi transmitido pelo portal G1 e também repercutido pelo UOL. “Há um movimento de enclausuramento da cultura. Pesquisadores financiados por empresas particulares não podem dividir o conhecimento produzido porque isso se opõe ao interesse dos financiadores. Mas o conhecimento pertence a toda humanidade. É criado para o bem-estar de todos não só para o lucro de alguns”, afirmou Darnton, na matéria do UOL.