CPqD desenvolve ferramenta de busca de conteúdos audiovisuais

O projeto também pretende criar soluções de transmissão de programação por fibras ópticas. Seu foco é o conteúdo produzido por tevês comunitárias e públicas.

21/07/2010

Anunciada na semana passada pelo CpqD, a iniciativa TV Experimental, realizada em convênio com as tevês comunitárias TV Cidade, de Taubaté, e TV Fênix, de Campinas, tem dois objetivos: criar uma rede de compartilhamento de programação por meio de fibras ópticas e desenvolver uma solução de busca de conteúdos audiovisuais na web. Com isso, o centro de pesquisas espera contribuir para a difusão de conteúdos audiovisuais gerados por tevês públicas e comunitárias. E também por Pontos de Cultura. A iniciativa é parte do Projeto Giga.

O fato de a TV Cidade ser um Pontão de Cultura é importante para a iniciativa. “De acordo com o Instituo Ipso, há no Brasil entre 200 e 300 Pontos de Cultura com vocação para produção audiovisual”, afirma Alexandre Freire, pesquisador da TV Experimental. Essa produção reflete a identidade local de muitos lugares e poderia estar disponível para os canais comunitários. Não se sabe ao certo quanto canais comunitários existem, mas de acordo com dados preliminares de uma pesquisa da Frenavatec (Frente Nacional de Valorização das TVs do Campo Público), são 61. Ainda de acordo com essa pesquisa, esses canais produzem 500 programas. Que poderiam estar disponíveis para transmissão por outros canais em todo o país.

O CpqD quer fazer o que o pesquisador chama de “prova de conceito”: mostrar que a uma rede como a Giga – que reúne várias instituições de ensino e pesquisa, sob a coordenação do CPqD e o apoio da RNP (Rede Nacional de Pesquisa) e tem capacidade de transmissão entre 1 e 10 Gbit/segundo – pode ser usada para trafegar esta programação. E desenvolver uma ferramenta de busca que conceitos de web semântica – ou seja, que interligue as palavras por seu significado. “Isso permite a realização de buscas mais refinadas e o encontro de resultados mais relevantes”, explica Freire. Essa ferramenta identificaria que “bicicleta”, quando relacionada com “futebol”, não é um meio de transporte com duas rodas.

Para poder realizar buscas assim em conteúdos audiovisuais, é preciso que eles estejam descritos. Essas estruturas de classificação de dados são chamadas de “ontologias” e há muita gente produzindo ontologias que melhor descrevam determinados conteúdos. O que o CpqD quer é criar uma plataforma para descrição colaborativa. “Cada tevê, cada ponto de cultura, poderá descrever o conteúdo, e essa descrição será refinada coletivamente, como acontece hoje nos verbetes da Wikipedia”, diz ele.

O projeto TV Experimental vai durar até 2012 e faz parte das metas da fase Ii da Rede Giga. Ele é independente do projeto Cervo, do Ministério da Cultura, que desenvolve um protocolo para conteúdos em diversas linguagens (não apenas video, mas livros, fotografias, documentos escaneados) e de vários acervos. “Vamos trabalhar somente com audiovisual”, explica Freire. A produção comunitária foi escolhida porque, explica ele, o CpqD pretende desenvolver soluções que atendam necessidades da sociedade. “Queremos fazer pesquisas e produzir inovações sem perder de vista as demandas do país.”