Acesso à web dispara no Brasil, mas desigualdade ameaça inclusão.

O IBGE divulgou o suplemento da PNAD 2008, que mostra que 34,8% da população acessa a internet. Na região Sudeste, este percentual sobe para 40,3%.

11/12/09 – O número de usuários de internet no Brasil cresceu 75,3% no país entre 2005 e 2008 e boa parte dos novos incluídos na rede pertencia à baixa renda, segundo o IBGE, mas a desigualdade social e educacional ainda prejudica a inclusão digital no Brasil.

Em 2008, 56,4 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais acessavam a internet (34,8%) contra 31,9 milhões em 2005. Enquanto isso, o ranking da Internet World Stats coloca o Brasil atrás de países da América do Sul como Argentina (48,9%), Chile (50,4%), Uruguai (38,3%) e Colômbia (45,3%).

O número de internautas brasileiros faz parte do suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2008. Os resultados da PNAD, divulgados em outubro, traziam o número de domicílios com computadores e acesso à internet: 17,95 milhões (31,2%) possuíam microcomputador, sendo 13,7 milhões (23,8%) com acesso à internet. Já o suplemento da PNAD conta o número de usuários, incluindo pessoas que acessam fora de casa, por exemplo em lan houses.

 

Apagão digital

“Os avanços de 2005 a 2008 foram fantásticos, mas ainda vivemos uma apagão digital que está ligado aos níveis de educação e distribuição de renda”, declarou o coordenador de um suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE.

Do total de novos usuários no Brasil, 17 milhões ganham até dois salários mínimos per capita ao mês. “O acesso à internet está mais democratizado no Brasil”, disse o coordenador da pesquisa, Cimar Pereira Azeredo.

Segundo o IBGE, no ano passado o país ainda tinha 104 milhões de pessoas que não acessavam a internet, mas o contingente diminuiu em relação a 2005, que era de 120,3 milhões de brasileiros.

Nas regiões consideradas mais pobres do país, o acesso à internet ganhou velocidade, segundo a pesquisa. Na região Norte, o total de usuários passou de 12 para 27,5 por cento da população com dez anos ou mais de estudo. No Nordeste, passou de 11,9% para 25,1%.

“Vários fatores explicam o maior acesso entre os mais pobres. O acesso está mais barato e as lan houses estão mais espalhadas pelo país. Além disso, a renda do brasileiro e a escolaridade aumentaram em reação a 2005″, avaliou o coordenador do IBGE.

Em 2008, 51,7% dos internautas do país acessaram a rede mundial de computadores de casa e 35,2% a partir de lan houses, contra 49,9% e 21,9%, respectivamente.

 

Renda e escolaridade

Nas regiões mais ricas do Brasil, os percentuais de acesso são bem mais elevados. Na região Sudeste, o índice foi de 40,3%.

“O Brasil tem uma das piores distribuições de renda no mundo e não é novidade que essa diferença social tenha reflexo também no acesso à internet. A desigualdade de renda é um empecilho para um maior acesso”, disse Azeredo.

Ele destacou que quanto maior a renda e a escolaridade, maior é o acesso à rede mundial de computadores. A pesquisa mostra que famílias com renda per capita domiciliar acima de 5 salários mínimos têm um percentual de acesso à web de 75,6%.

Em média, os conectados têm 10 anos de estudo, o equivalente ao ensino fundamental.

A idade média dos internautas em 2008 era de 27,6 anos contra 28,1 anos em 2005. Na faixa entre 15 e 17 anos, o percentual de conectados alcança 62,9%.

Segundo a pesquisa, 86 milhões de brasileiros tinham um aparelho de celular em 2008, o equivalente a mais da metade da população. Em 2005, eram 56 milhões ou 36,6%. (Matéria da Reuters, com números do IBGE)