08/12/09 – Quando foram criados, em 2002, os centros de acesso público à internet (CAPI, na sigla em espanhol) de Madrid foram saudados como “uma iniciativa para acabar com a exclusão digital e prover acesso às tecnologias da informação em certas áreas” da região de Madri. Hoje, são “uma necessidade superada, que já não têm sentido.
Há 209 lugares em Madri onde se oferece conexão em banda larga de graça e “formação em novas tecnologias por meio de cursos e oficinas, modernização empresarial, dinamização em serviços como teletrabalho em áreas com alto índice de desemprego ou simplificação das relações dos cidadãos com a administração pública”, como publicou a Comunidad de Madrid quando os criou. Agora, a comunidade decidiu cortar pela raiz o subsídio que esses centros, sob gestão de fundações, organizações e prefeituras, recebiam.”Precisamos ajustar o orçamento”, explica um porta-voz regional.
A decisão, de acordo com Laura, trabalhadora de um CAPI, pode deixar na rua quase duas centenas de pessoas”. Um cálculo difícil de precisar, porque cada centro de internet depende de entidades distintas, que vão decidir se os mantém funcionando ou não. “Já nos avisaram que não há dinheiro e que o centro vai ser fechado, definitivamente, dia primeiro de janeiro”, diz ela.
Quem decidiu fechar seu centro, antecipando a data oficial, foi a fundação Afanias, que faz a gestão de um centro em San Blas. “Temos alguns computadores aqui, guardados em uma sala, mas não funcionam mais já faz algum tempo”, explica uma trabalhadora do local, onde se oferece ajuda a deficientes. “Porque não nos dão mais o subsídio da comunidade”, se desculpa. Os recursos públicos repartidos entre as 209 unidades superavam três milhões de euros por ano (cerca de R$ 3,1 mil por mês a cada telecentro).
“Oito em cada dez madrilenhos tem um computador e esses locais agora estão subutilizados”, raciocina um porta-voz da vice-presidência regional, da qual depende a Dirección General de Calidad, que outorgava esses recursos. As instituições regionais também recordam que os próprios planos do Ministério de Indústria para fomentar as tecnologías também tiveram seus orçamentos substancialmente cortados.
“Em cada centro se formam centenas de pessoas, fazendo cursos e oficinas para melhorar sua qualidade de trablho”, replica Laura, a quem seus chefes advertiram que vai ficar sem emprego.”A imensa maioria dos centros são municipais”, explica o governo regional, principalmente em povoados pequenos, longe da área metropolitana. Mas em Madri e nas cidades mais próximas e populosas são quase todos geridos por associações de vizinhos e fundações. (Do jornal El País)