Banda larga é o maior problema do programa baiano de inclusão digital

A maioria absoluta dos Centros de Inclusão e Cidadania, os telecentros do estado, se conecta via rádio, com velocidades baixa e qualidade ruim.

02/12/09 – Dona da maior rede de pontos públicos de inclusão digital do Brasil e disputando a liderança latino-americana com o Chile, a Bahia enfrenta, a exemplo de muitos estados, sérios problemas de conexão. De seus quase mil Centros de Inclusão e Cidadania (CDCs), 48 não têm nenhuma conexão à internet, os instalados em regiões mais remotas usam antenas de satélite do programa Gesac e a maioria absoluta se conecta via rádio, com velocidades baixas e qualidade ruim.

O diagnóstico foi apresentado por Jerônimo Rodrigues de Souza, assessor especial da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, gestora do projeto,  durante o II Encontro da Rede Baiana de CDCs, que se realiza em Salvador. Com representantes de todas as unidades da rede, que cobre os 417 municípios baianos, o encontro reuniu 700 gestores e monitores para debater  questões de capacitação e gestão. E também para comemorar o fato de a rede de CDCs ter se tornado a maior do país e estar prestes a inaugurar sua milésima unidade.

Além disso, explica Rúbia Carvalho, coordenadora executiva do projeto, era importante mostrar para a rede (todas as unidades são mantidas em parcerias com prefeituras e entidades da sociedade civil) que a troca de comando na secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação não vai provocar nenhuma descontinuidade no programa. Recentemente, Eduardo Lacerda Ramos, indicado pelo PDT, substituiu Ildes Ferreira, ligado ao PMDB, partido que deixou a base de apoio do governador Jacques Wagner.

Política pública

A troca de gestores  e monitores a cada mudança de prefeito – no ano passado, 200 unidades tiveram sua equipe demitida – é um problema grave na continuidade do programa e fez  Jerônimo defender a necessidade de os gestores lutarem para que a inclusão digital se torne política municipal, com recursos orçamentários e até gestão com servidores públicos. “Temos que institucionalizar a política”, disse Jerônimo, lembrando que o papel do estado é implantar o CDC  e dar treinamento, mas a vida da unidade está no município.

A troca de equipes, diz Rúbia, implica investimento duplicado em treinamento. No ano passado, o programa treinou 1.100 gestores e monitores, com a implantação de  326 novas unidades. Este ano, com 194 novas unidades, foram treinados 800, em função da troca de equipes com a renovação das prefeituras.