Jornais brasileiros aderem a declaração de defesa de propriedade intelectual na internet

Trata-se da Declaração de Hamburgo, divulgada na Europa, por grupos de mídia, em julho.

12/11/09 – A Associação Nacional dos Jornais (ANJ), que representa cerca de 90% dos jornais do país, aderiu, no dia 9 de novembro, à Declaração de Hamburgo – que trata do reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual em textos jornalísticos reproduzidos em sites na internet. E anunciou que vai estimular todos os 145 periódicos associados a se alinharem ao acordo. O Grupo Estado também aderiu à Declaração na segunda-feira, 9 e, no último fim de semana, os jornais ‘Folha de S. Paulo’ e ‘O Globo’ anunciaram a decisão de aderir.

A Declaração de Hamburgo foi publicada no dia 26 de julho por representantes de grupos de mídia europeus. “Muitos provedores usam o trabalho de autores, editoras e emissoras sem pagar por ele. No longo prazo, isso ameaça a produção de conteúdo de qualidade e a existência de um jornalismo independente”, diz ela, assinada por centenas de representantes de grupos de mídia europeus.

Um de seus signatários é Rupert Murdoch, que declarou na semana passada, em entrevista à Sky News australiana, que os jornais de seu megagrupo midiático – entre eles, o Sun, o Times e o Wall Street Journal – avaliam a possibilidade de bloquear completamente o serviço de buscas do Google, depois de implementarem planos para cobrar pelo acesso aos seus textos na rede. A limitação da oferta de conteúdo gratuito é um ponto comum entre os grupos que assinaram a declaração.

Em resposta à Declaração de Hamburgo, 15 jornalistas e bloggers alemães redigiram o Manifesto Internet, uma lista de 17 constatações sobre como o jornalismo funciona hoje. O Manifesto Internet propõe que os grupos de mídia adaptem “seus métodos de trabalho à realidade tecnológica actual, em vez de a ignorarem ou desafiarem. É o seu dever desenvolverem a melhor forma possível de jornalismo, com base na tecnologia disponível. Isto inclui novos produtos e métodos jornalísticos”.

“Em relação à Declaração de Hamburgo, meu medo é que a indústria de jornais caia no mesmo erro da indústria de música. Trate desafios do presente simplesmente como um problema jurídico, sobre propriedade intelectual. Enquanto que a questão é mais sobre modelos de negócios”, comentou Thiago Dória em seu blog, depois de ponderar que “jornalismo de qualidade custa caro” e que a declaração “defende a cobrança por conteúdo, o que não é errado. O problema é sobre o que cobrar. Dificilmente as pessoas vão pagar por algo que é abundante”.

Talvez seja esta a tentativa dos donos de jornais: ao fechar seus sites: tornar escassa a informação. Será que isso é possível?