PontoCidadania – Sites de saúde: pouco para o cidadão.

ARede navegou pelos sites da
área de saúde das 26 capitais federais e do Distrito Federal e
descobriu que oferecem poucos serviços aos cidadãos. Estão muito mais
voltados à publicação de conteúdos.

Embora o Brasil tenha uma boa classificação nos rankings mundiais de análise de governo eletrônico, os portais e sites de e-gov
ainda são muito voltados para a publicação de conteúdos e oferecem
poucos serviços aos cidadãos. Na área de saúde, um levantamento
realizado por ARede nos sites das prefeituras das 26
capitais e do GDF (Governo do Distrito Federal) mostra que nenhum deles
oferece serviços para facilitar a vida das pessoas, como a marcação de
consultas ou exames pela internet. No geral, trazem informações
institucionais e orientações para se prevenir doenças, levantamentos e
estatísticas, nem sempre atualizados. Com raras exceções, espelham a
realidade da saúde pública no Brasil: as informações são mal
organizadas e dispostas de forma que não priorizam a usabilidade e
acessibilidade. Na maioria, a única interação é o download de documentos e envio de reclamações e sugestões aos responsáveis pela área.

Manual do preparador de
alimentos, na seção Nutrição,
da Secretaria de Saúde do Rio.“A prestação de serviços à comunidade via internet poderia ser melhor,
contribuindo para a redução das filas e do tempo para a consulta e
exames”, diz Jamil Mattar, ex-CIO do Albert Einstein e atual diretor
geral da TrakHealth, especializada em sistemas para a área de saúde,
que participa de um projeto de modernização da saúde no Reino Unido.
Para Mattar, a internet por si só não resolve o problema das
prefeituras, mas é eficiente no contato com o cidadão e paciente. Na
visão dele, precisam ser estabelecidos padrões de comunicação por meio
da web – para que as informações sejam veiculadas de forma confiável,
transparente e clara –, processo que deveria ser encabeçado pelo
governo federal como regulador das políticas da área. Independente
disso, muitos problemas atuais podem ser resolvidos com o uso do meio
eletrônico, como o da marcação da consulta e exames. “Ainda não
acontecem iniciativas nesse sentido no setor público. Mas, certamente,
isso reduziria as filas e o trânsito das pessoas para terem acesso aos
serviços públicos de saúde, resultando em conforto e melhor atendimento
para a população”, resume.

Os melhores do ranking

Das 27 unidades pesquisadas, os sites melhor estruturados são os das
secretarias de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. O site
da Secretaria de Saúde do município de São Paulo traz amplo conteúdo
direcionado à prevenção de doenças, além de esclarecer em que situações
o aborto legal pode ser realizado, qual a documentação necessária e
quais as unidades que prestam esse serviço na cidade de São Paulo.
Assim como o site da Prefeitura do Rio, o de São Paulo organiza as
informações por assuntos (diabetes, câncer, saúde da mulher, etc.). O
do Rio tem um link para o programa remédio em casa. Já o de
Porto Alegre orienta sobre a marcação de consultas a partir do telefone
da Central de Marcação de Consultas. Os de Recife e Belo Horizonte têm
informações institucionais e sobre os programas mantidos pelas
secretarias. O de Belo Horizonte tem, na área reservada às informações
sobre a localização dos distritos, um mapa do município, indicando a
localização das unidades e, quando o usuário acessa o link do distrito, há um segundo mapa ilustrativo, com informações detalhadas da localização física da unidade.

As informações de cunho preventivo, índices epidemiológicos, e endereços dos postos de serviços permeiam também os sites das secretarias de Fortaleza, do Distrito Federal (traz também um link
de hospitais, permitindo o acesso a dados sobre tipos de internação de
cada hospital, horário de visitas e telefone de cada especialidade de
atendimento); Vitória; São Luís; Cuiabá (tem um menu simples e objetivo e oferece 22 links com informações que sempre direcionam o contato por meio de chamadas telefônicas); Campo Grande; João Pessoa (o site é simples e bem organizado); Teresina; Natal; Boa Vista e Aracaju (simples e atualizado).

Em construção

As capitais Belém, Amapá, Goiânia e Palmas têm os sites mais
desorganizados e mal apresentados (na área de saúde) ou informam apenas
que a página está em processo de “manutenção”. Idem para o de Maceió.
No portal da Prefeitura de Alagoas, há notícias sobre saúde, mas não há
link direto para o sítio da secretaria. É preciso chegar lá pelo
índice de secretarias e órgãos. O de Manaus tem uma página, mas que é
basicamente institucional, enquanto o de Curitiba limita-se a publicar
informações da equipe. Além da página institucional, há um segundo
endereço, da Secretaria Municipal de Saúde (www.curitiba.pr.gov.br/saude/), no qual o usuário encontra a relação dos serviços ofertados pela secretaria, com endereço e telefone das unidades.

Prevenção à dengue,
no site da Secretaria
de Saúde de Curitiba.
Os sites de Florianópolis e de Salvador indicam que há uma tentativa de se oferecer serviço. No site de Florianópolis, há um “link
central de marcação”, mas, quando se acessa o mesmo, o que aparece é:
“Em breve, informações sobre a marcação de exames e consultas da rede
municipal de saúde”. Já em Salvador, o site anuncia a “implantação do
sistema de marcação de consultas por telefone e internet”, informando
que está “em elaboração o projeto de implantação do sistema
informatizado de marcação de consultas”, mas de concreto nada ainda foi
realizado.

Em alguns sítios, há destaque para a lista de medicamentos da nova
farmácia popular, programa do Ministério do Planejamento. No site de
Rio Branco, há um link para uma lista de 107 medicamentos oferecida
pela Farmácia Popular do Brasil (a chamada é visível, a linguagem é
simples e acessível). O de Boa Vista também.