Os antenistas comemoraram, no final de julho, a assinatura do primeiro
acordo com a Net, maior operadora de TV a cabo do país, que vai
permitir levar parte do conteúdo das TVs pagas e abertas à comunidade
de Vila Canoas, no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro. Os
antenistas são um grupo de pequenas empresas ou prestadores de serviço
que levam sinais de TV a favelas e comunidades onde a recepção dos
sinais é precária por problemas técnicos nas transmissões dos canais
tradicionais. É o caso de Vila Canoas, que tem 500 residências e a
maior parte delas só consegue ver TV por meio de uma antena parabólica
coletiva. Para assistir aos canais, os moradores pagam R$ 10,00 de
mensalidade à TJ Telecomunicações, que firmou o contrato com a Net.
Segundo Giovander Silveira, presidente da Abetelmim (Associação
Brasileira das Empresas de Telecomunicações, Melhoramentos de Imagens e
Atividades Afins), que conta com 38 antenistas associados, a partir de
agora, a TJ levará o sinal da Net por meio do cabo até a casa dos
moradores de Vila Canoas. Eles poderão assistir aos canais obrigatórios
que são transmitidos pelas operadoras de TV a cabo, entre eles os
canais abertos, como a Globo, SBT, Record e Bandeirantes e seus
respectivos programas locais, que não são captados pela parabólica,
canais educativos e os canais do Legislativo e Judiciário.
O preço do novo serviço deve subir um pouco em relação ao valor atual e
ficar próximo de R$ 17,00. O acordo entre a TJ e a Net será um projeto
piloto. Se der certo, a parceria pode chegar a outras comunidades do
Rio de Janeiro com as mesmas características de Vila Canoas. A
assinatura desse primeiro acordo era esperado há quase um ano. Na
prática, oficializa a prestação do serviço de TV paga a comunidades
carentes, reivindicação antiga dos antenistas e dos moradores. “Foi uma
vitória. Lutamos muito para que isso acontecesse”, comenta Silveira.
Fernando Mousinho, diretor de relações institucionais da ABTA
(associação que reúne as operadoras de TV paga) e da NET, ressalta que
a iniciativa será um aprendizado para a empresa e para os antenistas.
“Há muita coisa a ser aprimorada. Será preciso observar, especialmente,
como a comunidade receberá o serviço”, diz Mousinho. Ele afirma que
existe nessas comunidades uma demanda grande por programação, mas, para
que os pacotes ofertados sejam adequados ao seu perfil sócio-econômico,
seria importante que as programadoras de TV paga também participassem
do projeto.