Programa Escola que Vale, da
CVRD, promove a instalação da Casa do Professor, com conexão à internet
e ferramentas de apoio à capacitação profissional, em 23 municípios,
com a parceria das prefeituras. Emanuel Alencar
Um total de 90.175 alunos
integram o Escola que Vale
Município há apenas 18 anos, Curionópolis, no sudeste do Pará, começou
a se desenvolver no início dos anos 80, como núcleo de apoio à
atividade aurífera de Serra Pelada. O povoado servia de residência para
mulheres e filhos de garimpeiros que, à época, eram impedidos de
ingressar no garimpo. De lá para cá, poucos acontecimentos abalaram a
rotina de seus 17.110 habitantes. O mais notável — e trágico —, em
abril de 1996, na vizinha Eldorado dos Carajás, quando 19 trabalhadores
rurais foram assassinados por policiais militares. Em junho do ano
passado, contudo, a chegada do primeiro computador com conexão à
internet começou a mudar a vida da população. Atualmente, 1.822 alunos,
em 12 escolas da rede municipal, têm acesso à rede, através do programa
Escola que Vale (EQV), da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em
parceria com o Centro de Educação e Documentação para a Ação
Comunitária (Cedac).
Curionópolis é apenas um dos 23 municípios que integram o projeto da
empresa, iniciado, em 1999, como simples oficina de artes. O EQV visa
implantar uma rede de colaboração profissional entre os educadores
municipais, envolvendo-os num esforço de melhoria do desempenho escolar
dos alunos. Ao final de 2006, a Vale contabilizou 90.175 alunos, 2.946
professores, 447 diretores e 403 supervisores atuando em 451 escolas
nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Pará e Maranhão, dentro do
programa.
O EQV é dividido em três fases. Na primeira, com duração de três anos,
o Cedac promove a capacitação dos professores: cada município ganha uma
Casa do Professor — espaço cedido pelas prefeituras que é equipado com
conexão à internet e biblioteca para apoiar o desenvolvimento do
educador municipal. Nos dois anos seguintes, referentes à segunda
etapa, os municípios ganham mais autonomia e a comunicação com o Cedac
passa a ser virtual, na maior parte do tempo. Na última fase, com a
total inclusão digital, o projeto é entregue à prefeituras. Mas todo o
trabalho desenvolvido é relatado por coordenadores, em seminários
anuais.
“Dessa forma”, diz a coordenadora pedagógica da Fase 2 do programa,
Andréia Guida, “há um acompanhamento constante, mesmo depois da
consolidação do programa, uma troca de experiência bastante
enriquecedora”. A coordenadora do programa em Curionópolis, Sandra
Noleto, relata um pouco a rotina da Casa do Professor: “Nosso
laboratório de informática, com cinco computadores conectados à
internet, atende exclusivamente à comunidade às terças e
quintas-feiras. Já oferecemos cursos de informática na Casa para a
população e também oficinas de como utilizar a internet, para os alunos
que precisavam fazer pesquisa e não sabiam navegar. Demos até um nome
de batismo para essa oficina — ‘a hora da pesquisa’”, conta. “Os
professores, alunos e moradores gostam de vir à Casa do Professor, pois
dispomos de equipamentos que ajudam na vida escolar e no cotidiano das
pessoas”.
De acordo com a assistente administrativa do Cedac, Tânia Barilli,
atualmente, os seguintes municípios estão na fase três do projeto, já
completamente estruturado: Catas Altas e Rio Piracicaba (MG), João
Neiva (ES), Açailândia e São Luis (MA), Barcarena, Marabá e Parauapebas
(PA). E todas as 23 cidades contam com acesso à Internet. Os
equipamentos das Casas dos Professores variam conforme as
peculiaridades de cada município, mas o Cedac está buscando uma
padronização. “Em cada uma, estamos instalamos cinco computadores com
impressoras, um data-show
e um DVD, além de outros materiais de apoio. Antes, não tínhamos essa
preocupação. É bom, porque nenhum município fica em vantagem ou
desvantagem”, justifica Tânia.
Andréia Guida explica, ainda, que o acesso à internet nas Casas dos
Professores é livre. E que são realizadas rodas de leitura e outras
atividades diárias, semanais ou quinzenais, destinadas a criar
familiaridade e gosto com as práticas de leitura e escrita. A avaliação
interna do Programa Escola que Vale é feita por meio de relatórios e
banco de dados com indicadores para professores, diretores e
supervisores. Já a avaliação externa é realizada pelo Instituto de
Desenvolvimento Educacional, Cultural e Ação Comunitária (Ideca), que
solicita relatórios mensais das coordenadoras gerais, regionais e de
produção. As avaliadoras do Ideca visitam as cidades, entrevistam
diferentes participantes do Programa, coordenam grupos focais para
discussão e aplicam prova de habilidades nos alunos.
Este ano, o EQV deve chegar a mais dois municípios do Pará, ainda não
definidos. A Vale não revela quando investe em cada programa, mas
informa que seus investimentos sociais em 2006 ultrapassam R$ 300
milhões.
Parceria com o CDI
Outro projeto da CVRD na área de inclusão digital é o Vale Informática.
Criado em 2001, atende, atualmente, a 37 municípios, de sete estados
brasileiros. Nesse caso, a Vale atua com a ONG Comitê para a
Democratização da Informática (CDI). O objetivo é oferecer maior
qualificação profissional, empregabilidade, empreendedorismo,
participação em redes e exercício da cidadania à população de baixa
renda. Cada município recebe uma Escola de Informática e Cidadania
(EIC), onde são ministradas oficinas de informáticas abertas ao
público, com duração de seis meses.
No vilarejo conhecido como Noiva do Cordeiro, a 40 quilômetros da mina
de Fábrica, no município de Belo Vale (próximo a Congonhas, em Minas
Gerais), os 240 moradores começaram o curso em junho do ano passado,
logo após a inauguração da EIC-Vale. Antes disto, o espaço já estava
aberto para a comunidade, funcionando como um telecentro. “Nossa
metodologia procura disseminar o ensino da informática aliado a temas
da realidade local”, explica a Leila Midlej, coordenadora do CDI.
Os 23 municípios atendidos pelo Escola Que Vale
Fase 1 – Implantação de processos de formação
Minas Gerais: Barão de Cocais, Belo Vale e São Gonçalo do Rio Abaixo.
Espírito Santo: Baixo Guandu.
Maranhão: Arari e Pindaré Mirim.
Fase 2 – Consolidação do processo de formação continuada
Minas Gerais: Aimorés, Congonhas e Governador Valadares
Maranhão: Alto Alegre do Pindaré.
Pará: Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado do Carajás,
Ipixuna do Pará e Paragominas.
Fase 3 – Constituição de comunidade de profissionais de educação
Minas Gerais: Catas Altas e Rio Piracicaba.
Espírito Santo: João Neiva
Maranhão: Açailândia e São Luís
Pará: Barcarena, Marabá, Parauapebas.