ARede nº 81 – junho de 2012
O caminho é longo, até porque se trata de criar uma nova cultura, de repensar a relação entre produção de lixo eletrônico e preservação do ambiente, de recondicionar equipamentos usados que podem ter ainda um tempo de vida útil e servir a projetos de inclusão digital e social, de extrair dos equipamentos descartados materiais que possam voltar a compor novos equipamentos dentro do processo de manufatura reversa.
Os problemas são complexos porque o custo do manejo adequado dos materiais demanda tecnologias sofisticadas e é alto, a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos está sendo construída, mas os primeiros passos estão sendo dados. É o que mostra a reportagem de capa desta edição (ver página 10), em um momento em que este tema está na pauta, com a Rio+20.
A experiência já acumulada em torno do descarte dos equipamentos eletroeletrônicos indica que há muitas questões ainda sem resposta. A legislação brasileira, bastante avançada, responsabiliza os fabricantes pela logística reversa – quem coloca o equipamento no mercado é obrigado, depois, a recolhê-lo e dar o destino adequado. Distribuidores e agentes do varejo são corresponsáveis nessa tarefa.
Mesmo sem a regulamentação, alguns fornecedores já estão assumindo a responsabilidade que lhes cabe. Mas são poucos. Cadeias de distribuição, onde entram as operadoras de telefonia, começam a se somar ao esforço coletivo de receber de volta telefones celulares – o país tem mais de 250 milhões de celulares habilitados, com descarte anual próximo dos 10% – e microcomputadores e seus periféricos.
Qualquer programa de descarte e reuso do lixo eletrônico tem de abrir espaço para a economia solidária. Pelo seu valor no mercado, o lixo eletrônico, adequadamente separado, permite um rendimento maior aos catadores. Para isso, a capacitação dessa mão de obra e de suas cooperativas está no foco de organizações que trabalham na área ambiental.
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