Editorial

TV pública: papel principal.

A TV digital ainda não estreou no país, mas já rendeu um importante
fruto: o fortalecimento da TV pública brasileira, guindada, com a
criação da TV Brasil (nome ainda em debate), da posição de coadjuvante
à de protagonista. O que a digitalização dos sinais de TV tem a ver com
a TV pública é que foi no debate sobre a escolha do padrão tecnológico,
que a questão da democratização dos meios de comunicação, da ampliação
do número de canais na tecnologia digital, da abertura de espaço para
os provedores de conteúdo alternativos ganhou nova dimensão, e entrou
na agenda oficial.

O processo, iniciado com a criação do Conselho Consultivo do Sistema
Brasileiro de TV Digital, no primeiro governo Lula, enfrentou altos e
baixos, o conselho deixou de ser convocado e foi até marginalizado no
troca-troca de ministro das Comunicações. Mas gerou um caldo de
cultura, que permitiu ao Ministério da Cultura promover o I Fórum
Nacional das TVs Públicas, tema da reportagem de capa desta edição.
Preparado por comissões temáticas, o fórum não foi, como costuma
acontecer, palco para as lamentações comuns em encontros do campo
público: falta de recursos, falta de infra-estrutura, ingerência
política na gestão, etc. Tratou-se desses temas, principalmente da
questão do financiamento, mas discutiu-se, sobretudo, como construir
uma rede pública de TV com programação de qualidade, como
profissionalizar a gestão, como compartilhar produtos e conhecimento. O
resultado do fórum é uma agenda rica de propostas, que certamente
apoiará o grupo encarregado da criação da TV Brasil, que nascerá da
fusão da TV Nacional, de Brasília, com a TVE, do Rio de Janeiro e do
Maranhão. Como primeiro passo para a nova emissora pública federal, a
partir de agosto, as duas emissoras já devem estar transmitindo a mesma
programação.

Prêmio ARede

Em todas as suas edições, ARede relata experiências de
apropriação das tecnologias de informação e comunicação em projetos de
inclusão social. São telecentros, arranjos produtivos locais,
movimentos culturais em rede, comunicação comunitária, desenvolvimento
de softwares e metodologias. O acervo construído pelas
reportagens, em diferentes cantos do país, revela que há muita coisa
importante e criativa nessa área, e que esse esforço de um grande
conjunto de profissionais e militantes merece reconhecimento público. É
por isso que decidimos criar o Prêmio ARede que terá, este ano,
sua primeira edição. O regulamento está encartado nesta edição e a
ficha de inscrição está disponível no site www.arede.inf.br.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial