O nome não é apenas mais um neologismo, mas começa a se configurar como um movimento dos que consideram o acesso à internet em banda larga como infra-estrutura imprescindível para o desenvolvimento local das pequenas cidades e regiões distantes, para a inclusão social dos jovens de baixa renda e também dos que não são jovens, para o ensino a distância, para a prestação de serviços públicos. Dar visibilidade a esse movimento foi o objetivo do evento realizado no dia 10 de setembro, em Piraí (RJ), que é o tema da reportagem de capa desta edição (veja a página 10). Desenvolvido em torno da figura-ícone do ministro Gilberto Gil, defensor da cultura digital, a importância do evento foi colocar o bloco na rua. A harmonia ainda precisa ser afinada. Mas o bloco sabe o que quer, o que é um bom começo.
O bloco quer um plano nacional de banda larga, que leve a internet a todos os municípios e que, ao chegar nas cidades, a interconexão seja estendida pelo menos às escolas, telecentros, unidades de saúde e outros pontos de acesso coletivo e da administração pública. Para isso, os integrantes desse bloco cobram uma ação mais efetiva do governo que, finalmente, caminha para concluir a proposta de troca das metas de universalização das concessionárias de telefonia local, os postos de serviços de telecomunicações — PSTs, pela extensão do backhaul de acesso à internet a todos os municípios (hoje, só 2 mil têm banda larga).
Querem ainda, que o Fust seja aplicado na conexão a pontos públicos, como escolas. Para acabar com o eterno contingenciamento de recursos, que vai se repetir no ano que vem (de acordo com a proposta orçamentária encaminhada pelo Executivo), o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza Pezão, quer mobilizar os prefeitos e incluir a banda larga na sua pauta de reivindicações. “Vamos botar pressão”, avisou ele.
Enquanto o governo federal não define como vai construir a rede nacional de banda larga, o Estado do Rio sai na frente: deve lançar, em dezembro, a consulta pública para parcerias público-privadas que serão responsáveis pela implantação da infra-estrutura de banda larga nas cidades. Sem dúvida nenhuma, um laboratório importante de experiências sobre como bandalargar o Brasil.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial