MoveOn, o inventor da política online

ARede nº52,outubro 2009 –Há 11 anos, dois empreendedores do Vale do Silício, na Califórnia, Joan Blades e Wes Boyd, mandaram um e-mail para cem amigos e familiares, no qual pediam seu endosso para enviar um abaixo-assinado ao Congresso dos Estados Unidos, aconselhando os parlamentares a censurarem de uma vez o então presidente Bill Clinton pelo caso Monica Lewinsky e move on – ou seja, seguir em frente, tratar das questões urgentes para o país e parar de enrolar com essa questiúncula daquele longínquo setembro de 1998. Em uma semana, a mensagem recolhera cem mil assinaturas – e nasceu o MoveOn, um movimento de organização política de base, online, independente e extremamente eficiente.
O MoveOn tem hoje 5 milhões de membros registrados, interfere diretamente em questões graves para o país e é um interlocutor respeitado e temido. É gerido democrática e coletivamente, mas não anarquicamente: as iniciativas são propostas por todos e as mais votadas acabam embaladas adequadamente por grupos encarregados de diferentes tarefas (vídeo, website, texto, campanhas de e-mail etc.). Em seguida, todo mundo trabalha pelo sucesso da iniciativa.
O movimento introduziu a internet na política e vice-versa num país onde a atividade política é vista como perda de tempo, onde o voto não é obrigatório e onde as camadas mais jovens da população estavam completamente alienadas do processo. Foi graças a ele – e às técnicas que desenvolveu para fazer política de massa online – que um obscuro governador do pequeno estado de Vermont, Howard Dean, tornou-se uma importante liderança nacional e acabou eleito presidente do Partido Democrata. A campanha do próprio Barack Obama na internet, inspirada na “metodologia” MoveOn, é apenas o exemplo mais recente do impacto da nova mídia na política dos Estados Unidos.
No momento, a principal campanha do MoveOn é pela aprovação do projeto de saúde pública e universal que Obama apresentou ao Congresso, mas também há campanhas por uma estratégia para retirada das tropas do Afeganistão e a favor do projeto de lei que cria empregos na área de energia limpa. Inicialmente sustentado pelos seus fundadores, hoje o MoveOn recebe doações de seus membros, que elegem os diretores.

www.moveon.org