A caminho do interior
ARede nº 79 – abril de 2012
Criada em 1989, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa começou a ser montada em 1991. Ao longo dos anos, passou por atualizações. Em 2011, por meio de um acordo com a operadora Oi, ampliou em 280% a capacidade agregada do backbone, chamado de Rede Ipê. Hoje na 6ª geração, a RNP está entre as dez redes acadêmicas com maior capacidade no mundo: 300 campi conectados a 1Gbps, mais de 800 instituições interligadas, 30 enlaces multigigabit, cerca de 3,5 milhões de usuários, 27.500 grupos de pesquisa.
A RNP coordena ainda a Rede Comunitária de Ensino e Pesquisa (Redecomep), um conjunto de redes metropolitanas que chega aos campi de cidades menores. E integra redes internacionais, como a Cooperação Latino Americana de Redes Avançadas (RedClara), com 15 países da América Latina; a Internet2, dos Estados Unidos; a europeia Géant.
Os esforços de abrangência e capilaridade agora têm um foco: a interiorização. “Nosso objetivo é tornar homogêneo, independente de localização, o ambiente de comunicação e colaboração que um aluno e um professor têm, hoje, na educação superior”, diz o diretor geral da instituição, Nelson Simões da Silva. Para isso, foi criado o Projeto Veredas – com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – que visa atender, até 2014, todos os campi de cidades do interior com conexões a partir de 100 Mbps.
A estratégia para cumprir essa meta, de acordo com Simões, é “reforçar as parcerias e desenvolver soluções inovadoras que permitam otimizar os recursos disponíveis”. As parcerias são uma marca da RNP. Muitos estados lançaram suas redes em conjunto com a rede acadêmica. “O Ceará começou com uma rede metropolitana e fez o Cinturão Digital. Eles têm uma infraestrutura em fibra óptica e a RNP vai colocar novos equipamentos, aumentando a capacidade de 10 Gbps para 20 Gbps. Isso vai permitir ligar mais instituições à rede”, conta o diretor. Os modelos de parceria variam. Se o investimento foi feito pelo Estado, como no Ceará, e também no Pará, a RNP investe adicionalmente para aumentar a capacidade daquela rede. Em outros estados, a parceria se dá na implantação. “Estamos discutindo com a Paraíba, que tem um projeto aprovado na Finep. Nós lançamos uma rede em Campina Grande e estamos investindo em conjunto em uma rede em João Pessoa, para fazer a interligação para o interior”, relata Simões.
Outra parceira de grande potencial, na esteira do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), é a estatal Telebras. Se a infraestrutura da empresa está próxima a uma localidade onde há um campus, a RNP investe em conjunto para que a rede chegue até esse campus e aumente a capacidade. Eduardo Grizendi, diretor de Engenharia e Operações da RNP, dá como exemplo duas experiências-piloto que devem entrar em operação em abril. Uma é na cidade de Gurupi (TO), onde demoraria muitos anos para chegar uma boa infraestrutura terrestre. O backbone da Telebrás está passando a 6 km da cidade. A RNP está ampliando a capacidade dessa rede para ligar dois campi, um da Universidade Federal de Tocantins, outro do Instituto Federal de Tocantins. Outro exemplo: em Anápolis (GO), já está pronto o acesso por rádio e a RNP vai ligar o campus do Instituto Federal de Goiás a 100 Mbps.
O setor privado também é um parceiro de peso. Simões relata que o convênio de cooperação técnica com a Oi, que tem duração de dez anos, permitiu ampliar a capacidade do backbone em 24 capitais: “Pela primeira vez, levamos conexões de alta capacidade à Amazônia, com 3Gbps em Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Belém (PA), Palmas (TO). Estamos esperando a Oi fazer a ampliação dessas capacidades para poder atender Boa Vista (RR) e Manaus (AM), em seguida Macapá (AP). Esperamos ligar Boa Vista e Manaus ainda este ano. Macapá será mais à frente, pois não tem infraestrutura terrestre”. (A.L.)
Saúde em rede
A videoconferência “Parada cardiorrespiratória cerebral: recomendações nacionais e internacionais e treinamento dos times de ressuscitação”, realizada dia 28 de março, teve participação de profissionais de diferentes localidades do país, que estavam nos hospitais universitários (HUs) onde atuam. A palestra também foi transmitida em tempo real, via videostreaming –
o que ampliou ainda mais o público, enriquecendo os debates. Essa é uma prática frequente dentro dos Grupos de Interesse Especial, um dos programas da Rede Universitária de Telemedicina (Rute).
A Rute é financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pela Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue), com coordenação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Foi idealizada em 2005, exatamente para estimular a integração e a colaboração entre acadêmicos e profissionais. No começo, em 2006, apenas 19 núcleos foram interligados ao backbone da RNP. Hoje, com utilização também das Redes Comunitárias Metropolitanas de Educação e Pesquisa (Redecomep), são 55 núcleos em operação – em todas as universidades federais e, onde não há hospital universitário, foram instalados pontos nas faculdades de Medicina. Espera-se inaugurar mais 12 núcleos este ano.
Uma das ações mais consolidadas na rede são os Grupos de Interesse Especial (SIG, na sigla em inglês), que promovem videoconferências, discussões de caso, aulas e diagnósticos a distância. Cerca de 300 instituições participam de 48 SIGs. Outra atuação de destaque é a participação em projetos com países da América Latina (Rede Clara). Luiz Ary Messina, coordenador nacional da Rute, conta que a rede é pioneira no projeto Protocolos Regionais de Políticas Públicas para Telessaúde na América Latina e Caribe, que agrega 12 países. “A Organização Panamericana de Saúde lançou um plano de ação sobre telessaúde nas Américas com base em desenvolvimentos feitos pela Rute”, conta Messina.
A Rute faz parte também do Programa Nacional de Telessaúde Brasil Redes, do Ministério da Saúde. Para 2012, com a integração desse ministério ao programa RNP, o principal foco da rede universitária será a atenção básica. “Este é um ano de aproximação dos SIGs com os programas públicos de saúde”, diz Messina. (A.L.)
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