Marta Suplicy na Cultura: movimentos sociais esperam retomada de diálogo e de rumos traçados na gestão Gil

11/09 - Uma surpresa entre os ativistas da cultura, a saída de Ana de Hollanda foi anunciada hoje. A senadora do PT paulista assume quinta-feira.

Áurea Lopes

11/09 – Depois de uma gestão que enfraqueceu políticas públicas de comprovado sucesso e se tornou alvo de duras críticas dos ativistas da área da cultura, Ana de Hollanda deixou, hoje, o Ministério da Cultura (MinC). Anunciada para a pasta, a senadora Marta Suplicy (PY-SP) assume quinta-feira e, segundo nota oficial da presidente Dilma Rousseff, “dará prosseguimento aos projetos que estão transformando a área da cultura nos últimos anos”.

A expectativa em relação à continuidade de projetos estruturantes para a cultura brasileira, de fato, é grande. Ativistas sociais da cultura esperam que a nova ministra recupere, por exemplo, o vigor do Programa Cultura Viva — dramaticamente afetado pelo corte de verbas e pelo desprestígio que resultaram no fechamento de diveros pontos de cultura, uma das mais revolucionárias iniciativas de expressão popular, idealizada na gestão do ministro Gilberto Gil.

Rodrigo Savazoni, organizador do Festival de Cultura Digital e integrante da Casa de Cultura Digital, sintetiza esse sentimento: “Marta Suplicy pode ser uma excelente ministra da Cultura desde que retome a linha de atuação de Gil. Desde que se disponha a fazer avançar aquilo que estava parado há um ano e meio. Se for esse o encaminhamento, vamos ter o maior prazer em colaborar”.

Para isso, a nova ministra precisa retomar o diálogo com os movimentos sociais da cultura, alerta o ativista Marcelo Branco, que vê com bons olhos a mudança no MinC: “Marta tem uma longa experiência política e fez coisas boas na prefeitura de São Paulo. Foi na gestão dela que começaram os telecentros e a disseminação do software livre”.

Parceira da prefeitura nessa iniciativa, Beatriz Tibiriçá, do Coletivo Digital, reforça: “Marta sempre soube enxergar inovação. Foi assim quando colocou a força da prefeitura para implantar o Programa Telecentros na cidade de São Paulo. Esperamos que a nova ministra enxergue tudo de novo que os Pontos, Pontinhos e Pontões de Cultura, os jovens, os midialivristas e os ativistas digitais vêm fazendo pelo Brasil”.

Geo Brito, do Teatro do Oprimido, lembra ainda que na gestão de Marta na prefietura de São Paulo  foi criado o Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. “Foi uma iniciativa que apoiava a pesquisa em arte, não simplesmente um mecanismo de patrocínio”, avalia. Brito, no entanto, diz que antes de qualquer opinião, tem grande interesse em conhecer a proposta político cultural da nova gestão. “A saída de Ana de Holanda foi uma surpresa, a presidente não dialogou com os movimentos, a mudança se deu repentinamente. Me preocupa que essa dinâmica se repita, pois precisamos de um projeto nacional de cultura”.