Projeto de apoio à produção livre oferece estúdio profissional e site com radioweb
Áurea Lopes
ARede nº56 , março de 2010 – O Barulho Lab promete fazer muito barulho para estimular, viabilizar e promover obras de artistas que não estejam vinculados a gravadoras ou outros intermediários. Ao contrário, o projeto é voltado a todos que tenham interesse em distribuir seu trabalho sob licenças não comerciais. Criado pela organização não-governamental Coletivo Digital, o Barulho Lab tem como objetivo revelar novos talentos, articular o intercâmbio entre artistas e montar um acervo de composições para download livre. No plano das políticas públicas de cultura, o projeto se propõe a difundir o debate sobre novas formas de licenciamento e proteção dos direitos autorais.
Na prática, o Barulho Lab prevê a montagem de um núcleo de produção musical, onde os artistas tenham à disposição um estúdio para ensaios e gravações, um portal que transmita uma radioweb e disponha de músicas para ouvir e baixar gratuitamente, além de uma estrutura para assessoria de imprensa que conquiste espaço na mídia para artistas independentes e faça parceria com portais de internet estabelecidos.
O projeto, que tem apoio da Lei Rouanet, está em fase de captação de recursos. Mas já começou a funcionar. O portal do Barulho Lab foi lançado em fevereiro. E já tem álbuns do Blesqi Zatzas, projeto do tecladista Fábio Ribeiro – que hoje acompanha o vocalista André Matos e foi integrante das bandas Chave do Sol, Anjos da Noite, Shaman, Angra. Há também trabalhos do contrabaixista Ronaldo Lobo e da Banda Desequlíbrios, que atuou no circuito independente paulistano de 1986 a 1993. A mais recente integrante do portal é a cantora, compositora e produtora musical Olivia. A paulistana, que tem forte influência do jazz e da bossa nova, acaba de lançar o sexto CD, Só a música faz. Olivia vai lançar uma coletânea no Barulho Lab, com nove faixas, sendo uma canção inédita.
Quem quiser colocar suas músicas no portal pode enviar o material ao Coletivo Digital, em arquivo MP3, para Raul Luiz, um dos responsáveis pelo projeto – raul@coletivodigital.org.br. Não há restrições a gêneros. O portal vai abrigar MPB, black music, heavy metal, instrumental, entre outros. Mas a ideia é dar visibilidade, principalmente, à música instrumental brasileira e a trabalhos experimentais nacionais, porque esses estilos encontram mais dificuldade para ocupar espaço na mídia. As músicas não precisam, necessariamente, ser atuais. E o Coletivo oferece seu estúdio para gravações ou regravações de obras que forem enviadas sem boa qualidade técnica.
A seleção das músicas que irão para o portal será feita por meio de uma curadoria composta por profissionais e acadêmicos (veja o quadro na página 42). “Esses especialistas não vão julgar se a música é boa ou não. O papel da curadoria é de avaliar a natureza do trabalho, a qualidade da gravação. Uma composição pode não ter um alto padrão de gravação, mas ter um formato musical interessante, então essa entra”, conta Wilken Sanches.
O projeto Barulho Lab vai investir, durante o ano de 2010, na produção de seis artistas ou bandas, que terão apoio de um engenheiro de áudio, um produtor musical. Alguns artistas selecionados vão ganhar destaque no portal e terão suas produções feitas em padrão profissional, passando pelo processo de captação de áudio, mixagem e masterização. Outros poderão apresentar seus trabalhos no acervo geral.
Time de feras
Ronaldo Lobo – professor do Instituto de Baixo e Tecnologia (IB&T), coordenador didático do curso de contrabaixo elétrico no Instituto de Música e Pesquisa Fabiano Manhas, professor do Centro de Estudos Musicais Cema, instrutor musical da rede de ensino de Barueri e transcripter da revista Cover Baixo. Autor dos métodos de contrabaixo elétrico Básico I (Editora Cema) e Fundamentos (Editora HMP).
Zé Renato – produtor musical, sócio fundador e professor da Chromazone – Curso Livre de Música.
Georges “Xoxi” Grenier – engenheiro de áudio, formado em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrotécnica pela Universidade Paulista.
Fabio “Dregs” Rodrigues Giachetto – sócio fundador e professor da Chromazone – Curso Livre de Música, professor de guitarra do Colégio Pentágono, cursou cinco anos de composição e regência na Faculdade Santa Marcelina.
Fábio Ribeiro – tecladista do projeto solo de André Matos; há mais de uma década é responsável pelas versões em português dos manuais de operação de instrumentos musicais e dispositivos de tecnologia musical de diversos fabricantes como Clavia, Korg, Kawai, Mackie, Allen & Heath, Line6, Zoom, Digitech, Nady. É colunista da revista especializada Home Studio. Pelo estúdio The Brainless Brothers, atua na área de produção musical e gravação.