O X da conexão

Internet não aguenta utilização simultânia em várias salas

ARede nº58 maio/2010 – A chave-mestra para que o UCA realize a transformação pretendida na Educação do país está na infraestrutura de transmissão de dados. Tanto que o programa, que a princípio não contemplava o fornecimento de conexão, incluiu, nesta etapa, a garantia da rede sem-fio para cada escola. Como contrapartida, governos e prefeituras devem se responsabilizar pelas instalações (físicas e elétricas) e pelos armários para guardar os equipamentos nas classes. No pacote do UCA, a escolarecebe um link de 1 Mbps.

É pouco, pela experiência de quem já vivenciou esse processo. Na EMEF André Franco Montoro, de Campo Limpo Paulista (SP), por exemplo, onde todos os alunos têm um laptop dentro do projeto municipal E-Tech, os links variam de 1 Mbps a 4 Mbps por escola, dependendo do número de alunos. Mesmo assim, os professores fazem um planejamento para uso dos equipamentos pois não é possível ligar as máquinas em mais de duas salas simultaneamente. “Outra preocupação nossa é de que o UCA prevê um roteador para cada duas salas. No E-Tech, fizemos um estudo e concluímos que o mais adequado é, como nós temos, um roteador por sala”, alerta Arnaldo de Andrade, da Abase Telecom, empresa terceirizada pela prefeitura para implantação da infraestrutura tecnológica nas escolas.

Na EMEF Ernani Silva Bruno, que fica no bairro de Parada de Taipas, na capital paulista, o problema da conexão gerou uma mobilização entre os pais dos alunos. A escola, que participou do piloto do UCA em 2007, é servida por uma rede pública MPLS. Na época do piloto, não havia problema, porque era apenas uma sala que utilizava a conexão. Este ano, a instituição recebeu uma doação do projeto One Laptop per Child (OLPC). Agora, são mais de 580 máquinas, parta todos os alunos. E não tem banda suficiente. Por isso, uma comissão de pais se reuniu e fez uma representação junto à diretoria regional de ensino. “De que adianta ter a ferramenta e não poder trabalhar? E não tem cabimento meu filho trazer o laptop para carregar em casa porque a escola não tem tomada suficiente”, reclama Edna Maria Zague, mãe de três alunos da escola, e presidente do Conselho de Pais. A mobilização deu resultado: a Prodam, companhia de processamento de dados da cidade de São Paulo, está fazendo um estudo para aumentar a capacidade de conexão da escola.

Para Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de Educação a Distância, do Ministério da Educação (MEC), esse problema está sendo resolvido com as políticas públicas de acesso à internet, como o programa Banda Larga nas Escolas, desenvolvido pelo Ministério das Comunicações, em parceria com o MEC e com as operadoras de telefonia fixa – que assumiram o compromisso de levar acesso às escolas. “Estamos negociando com as operadoras para que adiantem a banda larga privilegiando os pólos da Universidade Aberta do Brasil e o UCA. No final do ano, os links serão dobrados, para 2Mbps”. Bielschowsky também ressalta que outras alternativas estão em avaliação para atender essa demanda, como a utilização dos 7 mil pontos do programa Gesac, um dos programas de inclusão digital do governo federal. (A.L.)

OLPC
Primeiro programa que pregou a utilização de um computador por aluno, criado pelo Massachussets Institute of Technology.