Editorial

Boa gestão

ARede nº62 setembro de 2010 – O avanço dos programas de inclusão digital e, especialmente, o lançamento do programa guarda-chuva do governo federal Telecentros.BR, coloca em pauta a necessidade de sistemas eficientes de gestão de cada uma das unidades e do conjunto das iniciativas, de forma integrada. Cada vez mais são necessárias informações sobre as atividades, sobre o número de usuários cadastrados e seu perfil, sobre o movimento em cada unidade e no conjunto da rede para a formulação de boas políticas públicas.

Como mostra a reportagem de capa desta edição (ver página xx), muitos programas já têm sistemas de gestão integrados. A equipe do BH Digital, da prefeitura de Belo Horizonte, está testando vários, para ver qual se adapta melhor às suas demandas, inclusive à produção de estatísticas que, a partir de agora, vão ser cobradas pelo Telecentros.BR das redes conveniadas. Há soluções de domínio público e gratuitas, como a suíte para gestão de telecentros do Banco do Brasil; há soluções de programas estaduais em software livre que podem ser cedidas; e há soluções de empresas privadas. O mais importante, dizem os especialistas, é que a solução adotada seja de código aberto, para permitir adaptações e desenvolvimentos locais.

Um bom programa de gerenciamento permite não só administrar melhor as unidades em relação ao funcionamento físico (controle de usuários, de consumo de material, e de gestão de recursos humanos e financeiros). Mas permite acompanhar as atividades e adequá-las melhor ao perfil da demanda dos telecentristas. “Isso é fundamental para o desenvolvimento dos programas”, diz Beatriz Tibiriçá, diretora do Coletivo Digital, com longa experiência na gestão dos telecentros e na formação de gestores e monitores.

Neutralidade da rede

O tema pode parecer abstrato demais, mas é da maior importância para que os internautas continuem a ter liberdade de enviar suas produções pela rede e receber o que quer que seja, sem que a operadora da rede, ou o provedor, interfira no fluxo das informações. Há muitos movimentos, das próprias operadoras e dos provedores, dos grandes conglomerados de entretenimento e de educação, para acabar com esse livre fluxo, onde todos os usuários, em qualquer uma das pontas, têm, teoricamente, a mesma importância e os mesmos direitos. Esse é o tema da entrevista do sociólogo, professor e militante da liberdade na internet Sergio Amadeu da Silveira (ver página xx) e da reportagem sobre o debate acerca da neutralidade da rede que ocorre, hoje, nos Estados Unidos e na União Europeia.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial