Editorial

Software livre:
como avançar.

ARede n65 dezembro 2010 – Diferentemente do que ocorria até cinco, seis anos atrás, quando a opção por software livre em um programa de inclusão digital público era motivo de muitos debates e polêmica, hoje essa é uma questão superada. Há consenso de que a melhor plataforma para o desenvolvimento dos programas de inclusão digital é a plataforma do software livre, com programas de código aberto que permitem aos usuários ‘entender’ melhor a máquina, personalizar as suas páginas e até se arriscar a mexer nos programas (no caso daqueles com maior domínio técnico). Sem falar que não se paga pela licença.

Tanto é assim que a quase totalidade dos programas públicos de inclusão digital, seja em nível federal, dos estados ou municípios, adota o software livre. A diretriz federal é seguida por ministérios e estatais, com raras exceções, como o Programa ProJovem, do Ministério do Trabalho. O software livre é a plataforma escolhida por vários estados, independentemente do partido político no governo. Está em Alagoas, na Bahia, em Minas Gerais, no Pará, no Paraná, em São Paulo, para citar alguns exemplos.

Como mostra a reportagem de capa desta edição (ver página 10), a pauta do software livre nos programas de inclusão digital agora é de outra natureza. O que está em debate é como criar um programa de gestão quer permita ao programa federal Telecentros.BR, um guarda-chuva de ações de inclusão digital espalhadas pelo país, ter acesso a dados essenciais para o seu trabalho – número de cadastrados nos telecentros, perfil de uso da internet – , sem engessar as iniciativas estaduais, municipais e do Terceiro Setor que são parceiras do programa.

Quanto mais padronizado um sistema de gestão, menos liberdade gestores e monitores vão ter na ponta, o que pode inibir a criatividade e acabar com uma das quatro liberdades que fazem um software ser livre, que é a liberdade de o programa ser modificado pelos usuários. Conciliar esse requisito da liberdade com a necessidade de os diferentes sistemas de gestão das redes parceiras serem interoperáveis é o desafio que está colocado. Um bom desafio para o avanço do software livre nos programas de inclusão digital.

Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial

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