O Cidades para Pessoas é um projeto de jornalismo. Natália Garcia, a idealizadora, vai percorrer doze cidades pelo mundo, em busca de boas ideias de planejamento urbano que tenham ajudado a melhorar esses locais. O objetivo é disseminar as boas práticas nas metrópoles brasileiras. “Quantas vezes você passou mais de uma hora preso no trânsito? Ou ficou até mais tarde no escritório para evitar o congestionamento de volta para casa? Ou ainda deixou de passear num sábado à tarde de sol para evitar o estresse de encontrar lugar para estacionar? (…) Acredite, os problemas das grandes metrópoles se repetem em diversas cidades do mundo. Mas como tornar uma cidade melhor para seus habitantes?”, dizia a apresentação do projeto no Catarse.
A ideia de Natália é passar um mês morando em cada uma das cidades, que foram selecionadas porque realizaram projetos de planejamento urbano com o objetivo de melhorar a cidade para as pessoas (não para os carros, nem para as empresas imobiliárias). O critério de escolha das cidades que serão visitadas foi o trabalho de Jan Gehl, um arquiteto dinamarquês de quase 70 anos. Gehl atua como planejador urbano há 50 e vive em Copenhagen, onde emplacou, nos anos 1960, o polêmico projeto de impedir que carros circulassem por uma das principais avenidas comerciais.
Um terço do custo do projeto foi arrecadado por meio do Catarse, com contribuições de 285 pessoas, que somaram R$ 25.785,00. O restante, Natália vai buscar junto, por exemplo, a companhias aéreas. E quer economizar com estadias baratas nas cidades onde vai fazer o trabalho. Ela conta à revista ARede, a história do Cidades para Pessoas.
ARede – Por que você decidiu realizar o Cidades para Pessoas?
Natália Garcia – Eu ganhei um carro aos 18 anos. Aos 24, era a típica motorista estressada. Nessa época, comprei uma bicicleta dobrável para tentar diminuir meus deslocamentos diários feitos de carro. Daí minha relação com minha cidade – e, logo em seguida, com meu trabalho – mudou radicalmente. Fiquei muito menos protegida, no bom e no mau sentido. Vivi os problemas como ilhas de calor, poluição e trânsito de forma muito mais visceral, mas também conheci um monte de gente incrível pelas ruas. Isso me fez querer pesquisar e escrever sobre planejamento urbano. Depois de participar do projeto !sso não é Normal!, decidi que era hora de viajar o mundo em busca de boas ideias que ajudassem a melhorar a cidade para as pessoas.
Qual pode ser o resultado mais bacana do projeto?
Natália – Em primeiro lugar, aprofundar a discussão sobre como melhorar a cidade. Todo mundo com quem eu converso tem uma visão muito parcial da cidade. Quem anda de carro quer mais ruas. Quem anda de ônibus quer mais linhas. Quem anda de bicicleta quer ciclovias. Quem mora longe do trabalho quer morar perto. Mas a cidade é um organismo complexo de setores interligados. É impossível pensar em mobilidade urbana sem pensar em habitação, gestão dos rios, descarte de lixo, saúde etc. Eu adoraria contribuir para rechear de informações a discussão sobre soluções para cidades. Mas meu maior objetivo mesmo é trazer alguns dos profissionais que eu conhecer para serem consultores ou palestrantes em São Paulo e trazer algumas boas ideias que possam ser implantadas por aqui.
O fato de as pessoas terem decidido contribuir com o projeto reflete uma preocupação maior com o tema?
Natália – Acho muito! 285 pessoas tiraram dinheiro do próprio bolso para financiar o projeto de uma jornalista que quer encontrar soluções para as cidades. Isso é MUITO emblemático. Muita gente se toca por esse tema e quer fazer o que puder para ajudar! (P.C.)
Notícias sobre o Cidade para Pessoas no Facebook ou no blog: http://cidadesparapessoas.wordpress.com