Edição nº 70 junho de 2010 – Ninguém mais discute a importância da internet para os serviços de governo. Há consenso de que é um canal essencial e universal para a oferta de serviços eletrônicos nas mais diferentes áreas, de educação e saúde até segurança pública; para a disseminação de informações de todo tipo; e para o relacionamento entre o governo, qualquer que seja, municipal, estadual e federal, e o cidadão.
Por que, então, é tão difícil navegar pelos sites públicos, onde o diálogo que se estabelece é por conta-gotas? Por que o fluxo de informações não acontece de forma tranquila? Por que há sempre obstáculos a superar, o que exige uma enorme paciência por parte do cidadão que busca uma informação ou um serviço? E, mais do que isso, exige muitas vezes conhecimento de navegação que o cidadão menos familiarizado com a internet não tem?
A reportagem de cada desta edição mostra que o problema não é apenas técnico, mas político. Se, no passado, muitos sites de governo só aceitavam o navegador de um fabricante, hoje esse não é o problema central. Ainda existem situações desse tipo, mas são exceções. Há ainda incompatibilidades técnicas não resolvidas, como exigência de plugins para abrir determinadas páginas, entre outras. A maior dificuldade ocorre, no entanto, para se achar a informação procurada, muitas vezes escondida atrás de muitos cliques.
Na avaliação de especialistas, para que os governos construam um diálogo franco e aberto com seus cidadãos, antes de mais nada têm de entender e tratar as políticas de tratamento de dados públicos com o uso da tecnologia de informação e comunicação como estratégicas. Como essa visão ainda não se consolidou, o tratamento dos dados continua a ser feito a partir dos conceitos da burocracia. Os sites não são desenhados para o cidadão, a partir de seu ponto de vista e da facilidade de uso.
Da mesma forma que se avançou na eliminação das barreiras técnicas, com a interoperabilidade entre sistemas e sites e a transparência dos sites aos navegadores de diferentes tecnologias, é preciso avançar, agora, no tratamento dos dados públicos para colocá-los, de fato, a serviço da cidadania.
Inclusão digital
A ênfase em um projeto unificado de formação de monitores, organizado em pólos regionais e, em uma segunda etapa, em nível estadual, e a integração dos telecentros à dinâmica de uma cidade digital são dois dos desafios que se colocam para a recém-criada Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações. Esses são temas discutidos, em entrevista, pela secretária Lygia Pupatto.
Lia Ribeiro Dias
Diretora Editorial
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