Memória da arte
Plataforma multimídia reúne os pensamentos e as obras de mais de cem representantes da produção cultural brasileira Cristina Barbosa
ARede nº 74, outubro de 2011 – Valéria Cordeiro e a independência cearense na produção musical. Ivaldo Bertazzo e o movimento do cidadão dançante. Márcio Botner e a inquietação do artista fundador da galeria A Gentil Carioca. Esses são algumas das temáticas do site Produção Cultural do Brasil – um portal criado para fomentar, divulgar e dar acesso livre à criação e à produção da arte brasileira.
Entrevistas de cem representantes da cultura nacional podem ser assistidas e baixadas gratuitamente na plataforma multimídia, que adota licença Creative Commons 3.0. O acervo reúne 600 minutos de gravações, com depoimentos que abordam pensamentos, trajetórias pessoais, ativismo e atuações profissionais de gestores, produtores, diretores e outros trabalhadores da cultura.
Esse material audiovisual originou a coleção Produção Cultural no Brasil, com cinco volumes de textos, também publicada no site para download, em PDF. Nesses arquivos estão as íntegras das entrevistas que foram condensadas, nos vídeos, para 6 minutos cada. Os visitantes também podem ouvir e gravar a trilha sonora dos vídeos. Cinco canções foram feitas para o projeto, em um único dia, pelos violonistas Yamandú Costa e Emiliano Castro e pelo maestro Spok, da SpokFrevo Orquestra. O site oferece ainda um ensaio fotográfico, produzido pelo Grupo Garapa nos “bastidores da cultura” do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Cada vídeo trata do universo cultural do entrevistado, enquanto os textos têm um caráter mais reflexivo de suas posturas políticas, métodos e objetivos de trabalho. A diversidade de gêneros, opinião e experiências orientou a seleção dos entrevistados, segundo Fábio Maleronka Ferron, um dos fundadores da Casa da Cultura Digital, realizadora do projeto em parceria com o Ministério da Cultura.
O acervo abriga onze categorias: artes integradas, artes visuais, audiovisual, circo, cultura digital, dança, gestão cultural, literatura, música, moda e teatro. Entre os profissionais, Ailton Krenak, líder indígena; Paulo Barros, carnavalesco; Thomas Farkas, fotógrafo; Luiz Camillo Osório, curador do Museu de Arte Moderna (MAM), Luiz Carlos Barreto, cineasta; Paulo Soares Martins, diretor do Instituto Gerdau; Gilberto Gil, cantor e ex-ministro da Cultura; Hermínio Bello de Carvalho, poeta e produtor cultural; Inezita Barroso, cantora; José Celso Martinez Correa, diretor teatral, Sérgio Rodrigues, designer de móveis; entre muitos outros.
Na página de acesso ao vídeo, há informações detalhadas sobre o artista, o produtor, o gestor ou o agitador cultural: perfil, produções de destaque, críticas, links relacionados ao entrevistado, endereços de site, blog e redes sociais e fotos para download. Cada página tem espaço para comentários e pode ser compartilhada, por meio de redes sociais.
Lançado em outubro de 2010, o Produção Cultural no Brasil registra cerca de 10 mil acessos por mês, tem 2 mil seguidores no Twitter e sua comunidade do Facebook reúne 5 mil usuários. Tem sido muito utilizado para pesquisas acadêmicas. Mas também tem como proposta construir um repositório importante para formuladores de políticas públicas culturais.
“O projeto nasceu da necessidade de produzir e difundir uma bibliografia básica sobre produção cultural”, conta Maleronka. A intenção, diz ele, é “atingir todos os interessados em pensar e produzir cultura, por meio da provocação de discussões a partir do pensamento e de ações de quem faz cultura no país”.
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