Os incríveis geeks e suas inovações maravilhosas
Áurea Lopes
ARede nº 78 – março de 2012 Maior balada da comunidade geek, a Campus Party (CP) ganha uma segunda rodada, este ano, no Brasil. O evento vai ter uma edição em Recife, no estado de Pernambuco. O local e a data ainda estão sendo negociados com a prefeitura. “E também temos de avaliar o calendário das CP internacionais, que costumam acontecer no segundo semestre. O ideal, para nós, seria julho, até porque é um mês de férias”, diz Mário Teza, diretor geral da CP Brasil. A esticada para o Nordeste é apenas um dos indicadores do quanto vem aumentando, a cada ano, o interesse pelo debate e pelas novidades na área da tecnologia da informação e da comunicação.
Na cidade de São Paulo, de 6 a 12 de fevereiro, os números mostraram esse crescimento. A CP mudou de endereço – do Centro de Exposições Imigrantes foi para o pavilhão de exposições do Anhembi – e nem assim sobrou espaço. A arena e os palcos fervilharam, com 7.500 campuseiros de todos os estados brasileiros e de 20 países, que pagaram entre R$ 150 e
R$ 300 pelo direito de dormir (dormir?) em meio a um mar de barracas sintéticas, sob um calor infernal. A CP recebeu ainda mais 160 mil visitantes na Expo, área com diversas atividades interativas, onde a entrada era gratuita. Foram mais de 500 horas de atividades do programa oficial – sem falar em tudo o mais que a galera improvisou para as noitadas de programação e curtição, virtual ou não. Tudo conectado a 20 Gbps, o dobro da velocidade do ano anterior. Os investimentos somaram R$ 18 milhões, de 81 patrocinadores e apoiadores. E não faltou a tradicional tempestade, que não causou apagão – “apenas” inundou palcos.
O que é ativismo
O debate “Cyberativismo político: separando o joio do trigo”, um dos mais concorridos, abordou a contraposição entre o ativismo “antigo”, como as manifestações em locais púbicos, e o virtual, chamado “novo”. Alberto Azevedo, líder do projeto Security Experts Team, acredita que marchas nas ruas são coisa do passado: “O formato Anonymous funciona em todo o mundo e é mais condizente com a realidade atual”. No entanto, criticou protestos feitos no Brasil, que, segundo ele, não refletem uma posição ideológica. “Uma parte da comunidade hacker não está sabendo usar essa capacidade política das redes”. Marcelo Branco, da Associação Software Livre, defendeu uma aliança entre os “velhos” e os “novos” movimentos, em lutas comuns. O sociólogo Sergio Amadeu comparou os direitos de fazer greves e passeatas em locais públicos, com o direito de fazer manifestações pela internet. “Mas uma coisa é usar a máquina em mobilizações de protesto, fazer ataques para derrubar sites em nome de causas como a liberdade da rede. E outra é fazer invasão de máquinas e sistemas, ações descoladas de um fundamento ideológico, como a derrubada de sites do Governo do Distrito Federal, ou de blogs
autorais, só porque não se concorda com o ponto de vista do blogueiro”.
banda larga
Em uma mesa sobre banda larga, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que a questão da inovação tecnológica é “central” para a presidente Dilma Rousseff. O ministro alertou para a necessidade de incorporar novas tecnologias, como a conexão móvel 4G, para a qual será feito um leilão que deve resultar na oferta do serviço a todas as cidades com mais de 500 mil habitantes, até a Copa. Citou ainda medidas para desonerar os smartphones, com o propósito de tornar esses equipamentos acessíveis para as populações de mais baixa renda. Demi Getschko, diretor do CGI.br, explicou que a banda larga é formada por duas frentes de acesso: móvel e fixa. Para Demi, no acesso fixo, soluções como redes de cobre, elétrica e de cabos coaxiais garantem a sobrevida das estruturas existentes. Todas as ferramentas devem ser usadas, acrescenta, mas o foco deve ser a fibra, para que não seja necessário fazer revisões futuras dos projetos: “A fibra é a torneira que pode ser aberta o quanto se queira”.
Educação à parte
A Educação teve lugar especial na 5ª CPB. A Fundação Telefônica promoveu a EducaParty, um conjunto de atividades focadas na aprendizagem com novas tecnologias, que aconteceu simultaneamente à CPB. Cerca de 250 educadores se inscreveram para o EducaParty, que teve oficinas sobre o uso de ferramentas na web e nos celulares, além de uma grade especial de debates. Reconhecido especialista na área de tecnologia educacional, o indiano Sugata Mitra foi destaque não apenas na EducaParty, mas no palco principal da Campus. Professor da Universidade de Newcastle e docente visitante do Massachusetts Institute of Technology (MIT), contou sobre seu projeto Hole in the Wall (Buraco na parede), que colocou um computador na parede de uma favela e avaliou o desenvolvimento das crianças, que aprenderam sozinhas a usar a máquina. Mitra teve um encontro reservado com os educadores para troca de experiências, e realizou uma oficina na Casa do Zezinho, instituição que atende crianças e adolescentes na zona Sul de São Paulo. A Casa também recebeu a visita de um grupo de educadores que realizaram atividades práticas do projeto Wikimapas, de construção de mapas digitais. A palestra do indiano está disponível, na íntegra, no site do EducaRede (www.educared.org).
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geek
Pessoa que tem interesse por tecnologia da informação e da comunicação