11/04/2012 – Promovido pela Fundação Telefônica, o seminário “A Sociedade em Rede e o Combate ao Trabalho Infantil”, realizado hoje, em São Paulo, reuniu especialistas como a socióloga Graça Gadelha, que apresentou um trágico panorama da exploração e, alguns casos, até mesmo da escravização de crianças e adolescentes no Brasil. Para ela, as Tecnologias da Informação e da Comunicação têm papel fundamental na construção de redes sociais e de bases de dados integradas, que ajudem a mapear as ocorrências e a encontrar alternativas sustentáveis de erradicação do problema.
Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Fundação Telefônica|Vivo, para analisar a problemática no Norte e Nordeste, apontou Pernambuco como o terceiro estado nordestino no ranking da quantidade de crianças em situação de trabalho infantil. Com base em dados da PNAD-2009, o Ibope informa que o Estado tem 81 mil crianças e adolescentes, entre 5 e 14 anos, trabalhando, sobretudo na agricultura. Alagoas tem 34 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho, com o agravante de ter o índice mais baixo de escolarização, uma vez que 17% estão fora da escola.
Em Inhapi, um dos menores e mais pobres municípios da região semi-árida de Alagoas, foram entrevistados 2.398 crianças e adolescentes, sendo que 83% foram identificados em situação de trabalho, apresentando alto índice de distorção entre a série escolar e a faixa etária. A maior parte das crianças que se declararam trabalhadoras (832) o faziam em cultivos (87%), mas se forem consideradas todas as crianças identificadas como trabalhadoras (1860), aproximadamente 48% desenvolviam trabalho doméstico. Na faixa dos 12 anos, por exemplo, 54% trabalhavam. Outras atividades praticadas eram vendas, trabalho doméstico e produção de carvão.
Françoise Trapenard, presidente da Fundação Telefônica, contou sobre uma iniciativa da instituição em parceria com a ONG Visão Mundial, em três comunidades de Recife (PE) e também no município de Inhapi (AL). Cerca de 5 mil crianças e adolescentes estão sendo beneficiadas por ações que buscam reduzir o risco de trabalho precoce e retirar aqueles que já se encontram em situação de violação de direitos. O projeto terá duração de dois anos e o investimento da Fundação será de R$ 5 milhões. (Com assessoria de imprensa)
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