No ar, iniciativa para levar internet de baixo custo a países em desenvolvimento

03/07 – O projeto O3b já colocou em órbita quatro satélites, de uma rede de 12, prevista para atender cerca de 180 países na linha do Equador.

Miguel A. Perez
Do blog Think Big

03/07/2013 – Com o lançamento dos quatro primeiros satélites, de uma série de 12, decolou, dia 25 de junho, uma iniciativa para levar conexão de alta velocidade, a baixo custo, a cerca de 180 países subdesenvolvidos. O projeto O3b, que tem como proposta garantir a três milhões de pessoas sem infraestrutura acesso de qualidade à internet, foi inaugurado com o lançamento do foguete russo Soyuz, da base de Kouru, na Guiana Francesa.

 Essa iniciativa pioneira foi idealizada pela empresa O3b, fundada um ano após a experiência de Greg Wyler, que sofreu a falta de acesso à comunicação durante uma viagem a Ruanda, em 2007. Com o lançamento dos quatro primeiros satélites, a O3b se comprometeu a dotar de acesso de alta velocidade tanto países do interior do continente africano como nações isoladas pela água, como as ilhas do Pacífico.
 
Para Wyler, “só quando os mercados emergentes conseguirem um acesso exequível e equivalente ao do restante do mundo poderemos comprovar as possibilidades para o desenvolvimento social e econômico dos conteúdos gerados localmente, a universalização do e-learning, a telemedicina e outro tipo de valores que reflitam o autêntico valor da era da internet”.

 O plano da Wyler prevê resolver o problema da conectividade driblando os custos de infraestruturas terrestres, como fibra óptica e cabos submarinos. A ideia é apostar em uma rede de pequenos satélites ao redor da linha do Equador, atuando como intermediário entre os usuários e a rede mundial, e utilizando unicamente antenas parabólicas. Com esse sistema seriam cobertas as regiões entre as latitudes de 45 graus Norte e 45 graus Sul – o que significa a maior parte da América latina, o continente africano, o Oriente Médio, o Sudeste da Asia, Austrália e as ilhas do Pacífico.
 
Os satélites geoestacionários que proporcionam esse tipo de serviço orbitam geralmente a cerca de 36 mil quilômetros de altitude sobre a Terra e requerem bastante tempo para retransmitir um sinal, concretamente uns 500 milisegundos, com custos inviáveis para o projeto O3b. A questão da retransmissão do sinal é importante, uma vez que poderiam surgir problemas de interferência que afetariam o volume de tráfego de dados e a velocidade do serviço.

Portanto, os satélites O3b, construídos especialmente para este projeto pela empresa franco-italiana Thales Alenia Space, irão orbitar a uma altitude de 8.062 km, pesando cerca de 650 quilos cada, de forma a atender ao objetivo de reduzir os custos de infraestrutura. Ao baixar a altitude e dispor de vários satélites que orbitam em uma rede de serviço quatro vezes mais rápida do que o oferecido por satélites geoestacionários convencionais, de acordo com relatórios da O3b, seis satélites seriam mais do que suficientes para garantir a continuidade do serviço.
 
Quanto ao preço do serviço, os informes elaborados pela empresa estimam um custo entre 30% e 50% abaixo do mercado tradicional. Esses custos transformam essa rede de telecomunicações em um serviço que combina o alcance integral da cobertura via satélite com a velocidade da rede de fibra óptica a um preço muito competitivo para os países que tiverem a cobertura.

Para levar adiante esse ambicioso projeto, foi necessária a colaboração de investidores como o Google, a companhia Liberty Global, a operadora de satélites SES, o banco HSBC e o Banco de Desenvolvimento da África do Sul.

 A princípio, a empresa Arianespace prevê colocar em órbita os 12 satélites principais, mas segundo o departamento de comunicações da O3b existe a possibilidade de se complementar essa rede com mais 16 satélites, de forma a ampliar a cobertura e a velocidade do serviço.