“Redes sociais podem ser mais eficientes na coleta de dados do que espiões”

16/08 - Segundo sociólogo Sérgio Amadeu, o controle social contemporâneo é baseado na coerção a partir de nossas escolhas online.

Do Consegi

16/08/2013 – Será que as redes sociais são tão inocentes quanto parecem? Segundo o sociólogo Sérgio Amadeu, a resposta é não. O professor da Universidade Federal do ABC, que palestrou no 6º Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico, acontecido esta semana, alerta que as comunidades podem ser mais eficientes na coleta e distribuição de informações do que um serviço de espionagem. E mais: o controle social contemporâneo seria baseado no fenômeno da modulação, que é nada mais do que uma coerção conduzida a partir de nossas próprias escolhas e preferências. 

Nos últimos anos, as redes de relacionamento social atraíram atenção e emoções a tal ponto que, hoje em dia, reúnem uma rede com mais de um bilhão de pessoas conversando entre si.

Um dos principais problemas das redes é a questão da violação da privacidade. Amadeu listou alguns casos de exclusão de conteúdos do Facebook, como alguns posts da página fake da presidenta da república, a “Dilma Bolada”, de caráter claramente humorístico. Material de protesto considerado impróprio também foi retirado. É o caso de fotos da “marcha das vadias”, ou mesmo de um grupo de senhores de meia idade de Curitiba, que compareceu a uma manifestação pedalando de sunga.

Snowden é “peixe pequeno”
Segundo Sérgio Amadeu, a política de privacidade do windows “faz as denúncias de Snowden parecerem pequenas”. No contrato de adesão aceito pelos usuários, a empresa afirma que pode divulgar informações sobre você para cumprir a lei ou em resposta a quaisquer “solicitações legítimas”. “Só que quem define o que é legítimo são eles”, reclama.

Se é verdade que as redes propiciam o controle dos usuários pelo consumo, gosto e comportamento, também é correto que as comunidades são um espaço cada vez mais importante de manifestação política. “É o caso das manifestações de junho, quando muitas pessoas saíram às ruas convocadas pelas páginas do Face”, afirma o sociólogo . “Há um novo espaço de discussão pública que, infelizmente, é dominado por empresas que podem, além de comercializar as informações, mudar a política de uso e privacidade na hora que bem entenderem”, lamenta.