Da redação, com Agência Brasil e Senado
02/09/2013 – O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse hoje (2) à Agência Brasil que o governo federal precisa levar as denúncias de espionagem dos Estados Unidos sobre a presidente Dilma Rousseff e assessores diretos dela a instâncias internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU). Ele classificou a espionagem como “violência inadmissível”.
“O que nós precisamos é cobrar explicações do governo norte-americano. O terrorismo está sendo usado como biombo. Por que o governo está se valendo dessas ferramentas, sendo que o Brasil está fora do eixo do terrorismo?”, indagou.
Ferraço disse que as denúncias exibidas ontem (1º) pelo programa Fantástico, da TV Globo, não o surpreendem. “Esses indícios [de espionagem sobre a presidenta] já estavam muito postos nas falas do [Edward] Snowden.”
Nesta terça-feira (3) será instalada no Senado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem, para apurar as denúncias. Ferraço é cotado para ser relator da comissão. O senador disse que a situação é complicada, pois como o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, tem imunidade diplomática, ele não pode ser convocado para dar explicações.
Hoje, a presidente Dilma convocou ministros para duas reuniões de emergência no Palácio do Planalto a fim de tratar de denúncias. Além disso, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, foi ao Itamaraty prestar esclarecimentos sobre o tema ao chanceler Figueiredo Machado.
A denúncia da espionagem à presidente brasileira está repercutindo entre os parlamentares. Pelas redes sociais, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO) disse que a espionagem americana é um “fato gravíssimo e inaceitável, um verdadeiro atentado à soberania do Brasil e de todos os outros países violados”.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), por sua vez, lembrou a instalação no Senado da CPI da Espionagem, prevista para esta terça-feira (3), às 10h45.
Segundo Vanessa Grazziotin, a CPI, que terá 11 titulares e sete suplentes, deverá investigar quais empresas de telecomunicação no país estariam colaborando com os Estados Unidos por meio de transferência de dados sigilosos; e avaliar medidas para aumentar a segurança da informação. “Precisamos também analisar a capacidade do Brasil de se defender diante dessas ações”, disse Vanessa, ao tratar do assunto em recente discurso no Plenário do Senado.