WikiLeaks divulga bastidores da empresa de inteligência Stratfor

O WikiLeaks está divulgando cerca de cinco milhões de e-mails da  empresa de inteligência global Stratfor, do Texas. A correspondência revela que a companhia usa meios escusos para favorecer seus clientes – grandes corporações e agências do governo.

Do site da revista Caros Amigos

28/02/2012 – Conhecido por divulgar segredos de governos, o WikiLeaks começou a divulgar aproximadamente 54 milhões de e-mails da empresa de inteligência Stratfor. Os documentos, referentes ao período de julho de 2004 a dezembro de 2011, mostram que a consultoria adota meios escusos para defender o interesse de seus clientes – de grandes corporações como Bhopal’s Dow Chemical Co., Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon, a agências de governo, incluindo o Departamento de Segurança Interna dos EUA, os fuzileiros navais e a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA. Os documentos foram capturados por hackers em dezembro de 2011.

Segundo o  WikiLeaks, os e-mails revelam uma teia de informantes de Stratfor, a estrutura de pagamento, técnicas de lavagem de pagamentos e uso de métodos psicológicos. Em um deles, por exemplo, o CEO da empresa George Friedman recomenda à analista Reva Bhal: “Você precisa ter controle sobre ele. Controle significa controle financeiro, sexual ou psicológico… Isto é pretendido para começar nossa conversação na próxima fase”. A conversa refere-se a formas para fazer um informante de inteligência israelense fornecer informações sobre as condições médicas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O material também contém informações privilegiadas sobre os ataques do governo dos Estados Unidos contra o fundador do site Julian Assange e o WikiLeaks e as próprias tentativas de Stratfor para subverter o WikiLeaks. Os documentos indicam que fontes diplomáticas e governamentais em todo o mundo fornecem à empresa conhecimento sigilosos sobre  políticas e eventos globais em troca de dinheiro. Os arquivos de Inteligência Global revelam como a Stratfor recrutou uma rede global de informantes – entre empregados do governo, pessoal de embaixadas e jornalistas – pagos por meio de contas em bancos suíços e cartões de crédito pré-pagos.

Os e-mails desvendam como a agências privada de inteligência trabalha para acompanhar pessoas ou grupos para seus clientes. A Stratfor monitorou e analisou as atividades online de ativistas de Bhopal, incluindo o “Yes Men”, para a gigante química dos Estados Unidos, Dow Chemnical. Os ativistas buscam reparações para o desastre de gás ocorrido em 1984, provocado pela Dow Chemical/Union Carbide, na Índia, que resultou em milhares de mortes, prejuízos para  cerca de 500 mil pessoas, e danos ambientais.

Percebendo o risco de pagar em dinheiro para conseguir informações de informantes,o CEO de Stratfor, George Friedman, confidenciou a seus empregados: “Estamos mantendo um escritório de advocacia para criar uma política para o Ato de Práticas Corruptas Externas para  a Stratfor. Eu não planejo uma caminhada maldita e não quero ninguém aqui fazendo isto também”. Os e-mails  revelam que a empresa tem proximidade com as agências do governo dos EUA e emprega pessoal do governo americano. Está em preparação, por exemplo, um projeto para o comandante do Corpo dos Fuzileiros dos EUA,  e para “outras agências governamentais de inteligência se tornarem Stratfor de governos”.

O WikiLeaks disse que “a significância dos e-mails de Stratfor serão revelados nas próximas semanas, através de nossa coalizão, a busca pública e a descoberta de conexões”. O site formou uma parceria investigativa com mais de 25 organizações midiáticas e ativistas para informar o público sobre esse grande corpo de documentos.

Em nota, a Stratfor afirmou que a divulgação dos seus e-mails roubados é uma tentativa de silenciar e intimidar a consultoria, o que não vai acontecer. De acordo com a empresa, alguns e-mails divulgados “podem ter sido forjados ou alterados para incluir imprecisões; alguns podem ser autênticos”. A empresa disse que não vai comentar o conteúdo dos documentos.
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