Fabricantes de TV querem atrasar adoção do Ginga

Para especialistas em Ginga, a pressão pelo middleware proprietário é uma forma de tentar controlar o conteúdo de interatividade que vai embarcado nos aparelho.

Do Tele.Síntese Análise

03/02/2012 – A pressão dos fabricantes de TV para protelar o cronograma de adoção do Ginga nos novos aparelhos é, na avaliação de integrantes do Fórum Sistema Brasil de TV Digital (SBTVD), um movimento semelhante ao das prestadores de serviço de TV a cabo e das programadoras estrangeiras contra a adoção de cotas de conteúdo nacional, pela nova lei da TV paga. A posição contrária às cotas de conteúdo nacional perdeu, na votação da lei 12.485/2011, aprovada pelo Senado e sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 12 de setembro de 2011. Mas o debate, a aprovação da lei e, portanto, sua entrada em vigor, foram retardados para este semestre, tão logo Anatel e Ancine aprovem os regulamentos necessários.

“Os fabricantes de TV estão interessados em manter seus modelos de negócio, em controlar o conteúdo de interatividade que vai embarcado nos aparelhos e que está disponível em suas lojas virtuais. Por isso, querem o middleware proprietário por mais tempo e pretendem, no lugar de popularizar o Ginga, que é aberto, confiná-lo ao segmento top de aparelhos, o das TVs conectadas, que são as mais caras”, avalia Guido Lemos, professor da Universidade Federal da Paraíba, pesquisador do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid) e integrante do Fórum SBTVD.

Representantes da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros) se reuniram, dia 1º, com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, defendendo que o início da adoção obrigatória do Ginga se dê a partir de outubro deste ano, e não de junho, como propõe o governo, e que a obrigatoriedade se dê, no primeiro ano, apenas sobre 10% das TVs conectadas.

A proposta inicial do governo, prevista na consulta pública para incluir o Ginga no PPB dos televisores, era de 75% (a partir de janeiro de 2012) sobre todos os aparelhos. Foi reduzida para 50% e comenta-se que os três ministérios envolvidos (Desenvolvimento, Comunicações e Ciência, Tecnologia e Inovação) teriam fechado acordo recentemente em 30% no primeiro ano, 60% no segundo e 80% no terceiro. Apesar do recuo do governo, os fabricantes continuam intransigentes e ameaçam ir à Justiça.

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