Rafael Bucco,
com informações da Agência Senado
06/06/2014 – Uirá Porã, articulador cultural, integrante de pontos de cultura desde 2005, quando o Cultura Viva teve início, comemorou a aprovação, pelo Senado, do projeto de lei que transforma o programa em política pública. “Estamos um passo a mais próximos de conseguir que essa política seja institucionalizada e não corra mais riscos sob nenhuma Ana de Hollanda. É um reconhecimento dos próprios pontos enquanto centro da política cultural”, diz.
O ativista, que acompanhou a tramitação do PL desde a proposição, em 2011, elogiou o percurso político para aprovação do texto. Para ele, a atuação da deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ), que propôs o texto da Câmara, foi muito importante. “Ela soube colaborar com a sociedade, deixando o protagonismo para a rede de pontos de cultura, que fez passeatas e caravanas a Brasília”, analisa.
Para ele, porém, a sociedade deverá ficar atenta à regulamentação, o ponto mais importante do projeto. “Aí sim a gente vai discutir como o Cultura Viva vai funcionar. A regulamentação vai demandar muita discussão, pois a lei é abrangente. Vai ser uma batalha. Teremos que definir como vai funcionar a questão dos kits multimídia, dos recursos digitais, coisas, a meu ver, fundamentais”, diz.
Senado
O Senado aprovou na quarta-feira (4) o substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 90/2013, que institui a Política Nacional de Cultura Viva. O texto original, de autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), transforma em política de Estado o programa desenvolvido pelo Ministério da Cultura desde 2005.
O programa promove a produção e difusão da cultura, além do acesso aos direitos culturais dos diferentes núcleos comunitários de cultura. A iniciativa é viabilizada por meio dos chamados “pontos de cultura”, entidades não governamentais sem fins lucrativos que desenvolvem ações culturais continuadas na comunidade.
Compreende ainda os “pontões de cultura”, espaços culturais ou redes regionais e temáticas que articulam os pontos de cultura. A proposta permite a parceria entre ambos com escolas de ensino fundamental e médio de todo o país, para a divulgação de suas ações e bens culturais.
Mais cedo, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) tinha aprovado o substitutivo do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) que levou em conta emenda apresentada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e sugestões repassadas pelo Ministério da Cultura. A emenda de Ferraço limita a três anos a renovação de projetos aprovados dos pontos e pontões de cultura. A intenção é permitir maior segurança e comprometimento das entidades que utilizarão dinheiro público para realização de suas atividades.
Ao defender as mudanças aprovadas na CCJ, no Plenário, Inácio Arruda ressaltou a quantidade de artistas populares que participam dos pontos de cultura no país.
Já o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apresentou parecer conjunto sobre o projeto e as emendas em substituição às Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Educação, Cultura e Esporte (CE). Para ele o projeto é compatível com a Constituição, que determina ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o pleno acesso às fontes da cultura nacional.
O senador também destacou o estímulo ao protagonismo social na elaboração e gestão das políticas culturais e sua gestão compartilhada e participativa, além do sucesso do programa.
“Ao se tornar política pública facilita a relação do Estado com essa enorme e belíssima diversidade cultural que temos em nosso país que, sem dúvida, é uma das nossas maiores riquezas”, disse Rollemberg.
A tramitação do projeto foi acompanhada no Senado pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, e pela secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério, Márcia Rollemberg. Aprovado sem emendas, o substitutivo agora retorna para análise da Câmara dos Deputados.