Do portal Wireless Mundi
Fatima Fonseca
20/12/2011 – Ao longo dos últimos anos, as redes metropolitanas da RNP (Rede Nacional de Pesquisa) têm sido compartilhadas por estados e municípios que optaram por investir em infovias próprias e, por meio de parcerias, construíram suas redes a partir do anel óptico da Rede Ipê nas capitais. Com o surgimento da Telebras, a rede acadêmica intensificou a política de parcerias e, no decorrer deste ano, ampliou em 280% sua capacidade agregada, que passou de pouco mais de 60 Gbps para 233,2 Gbps. As conexões multigigabits (acima de 1Gbps) tornaram-se disponíveis para 24 das 27 unidades da federação, incluindo as capitais do Nordeste e Centro-Oeste e alcançando a região Norte.
“Apenas Manaus, Boa Vista e Macapá não estão conectados por Gigabits”, informa José Luiz Ribeiro Filho, coordenador nacional de projetos da RNP. A ampliação da capacidade teve início ao longo deste ano e conecta as instituições de pesquisa, em boa parte das capitais, a 10 Gbps. A parceria da Telebras vai permitir que cidades do interior que estão no trajeto da rede Telebras sejam atendidas. “A conexão chegará não só nas novas universidades, mas em todas as cidades. As torres serão instaladas nas universidades e o sinal poderá ser distribuído, via rádio, para a cidade”, diz o pesquisador da RNP.
Nesta entrevista, Ribeiro conta que a conexão de universidades e institutos de pesquisa instalados em cidades do interior terá continuidade em 2012, ano que deve trazer avanços também na ampliação da rede acadêmica e sua integração com os países da região. “Estamos trabalhando numa parceria para conectar Porto Alegre à Buenos Aires e a expectativa é que no início do ano a rede comece a operar”, diz Ribeiro. “Com a rede reforça-se a integração com os países que compõem a rede Clara (cooperação latino-americana de redes avançadas) e a colaboração acadêmica”, comenta. A partir de Buenos Aires, a rede vai se integrar à Santiago, no Chile, com capacidade de 10 Gbps.
Com o aumento de capacidade nas redes, a RNP espera dar um impulso no ensino a distância, indo em linha com o anúncio recente da Escola Virtual do Mercosul. Esta rede de formação e capacitação virtual é integrada por especialistas e instituições dos quatro países do Mercosul, e tem como objetivo desenvolver a economia digital e promover a integração econômica no bloco.
Conexão com a Europa
Em outra frente, a RNP está participando de um projeto, patrocinado pela Comunidade Europeia, de estudo de viabilidade técnica e econômica para o lançamento de um cabo óptico entre América do Sul e Europa. O estudo envolve também as redes acadêmicas da Itália, Argentina, Portugal, Espanha e a rede Clara. “A ideia é que esse cabo possa ser utilizado em parceria por essas redes acadêmicas”, informa o coordenador nacional de projetos da RNP.
O estudo do backbone é liderado pela rede acadêmica da Itália e deve ser concluído no próximo ano. “Há uma necessidade grande de aproximação das redes acadêmicas da América do Sul com a Europa, sem necessariamente passar pelo caminho atual, via Estados Unidos”, comenta Ribeiro. Junto com o estudo, as redes acadêmicas estão também conversando com operadoras do Brasil e da Europa, para discutir o financiamento para a implementação do cabo.
Outro projeto relevante da RNP para ser concluído em 2012 é uma solução para um centro compartilhado de dados. Ribeiro explica que tem um conceito mais amplo do que a computação em nuvem. “Nossa expectativa é de que seja um centro mais abrangente, que viabilize o processamento de alto desempenho compartilhado”, assinala. Embora o escopo de atuação da RNP seja o meio acadêmico, ele destaca que “nada impede que se crie um modelo (de centro de dados compartilhado) que possa ser apropriado pelos municípios e outras entidades.”
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