A inovação baseada no “faça você mesmo”

Brasuíno, a versão brasileira e livre do Arduíno Uno, um microcontrolador que funciona como uma espécie de processador de um computador e que facilita a criação de outros equipamentos.

22/07/2011
Do Movimento Minas

“Faça o que quiser com o seu Brasuíno!”. É assim que termina a explicação do microcontrolador desenvolvido no Brasil por Thadeu Cascardo, de 28 anos, e o seu sócio, Samuel Vale, de 29. Mineiros de Muriaé e Contagem, respectivamente, os dois se conheceram numa lista de emails para a discussão de software livre e há três anos, abriram a Holoscópio, uma empresa que trabalha com tecnologia livre. “Criamos hardwares e softwares que podem ser reutilizados, redistribuídos e alterados sem a necessidade de pagar royalties“, simplifica Thadeu. “Atendemos demandas do mercado, criando novas ferramentas, prestando consultoria e manutenção”. E tudo que é desenvolvido pela empresa permanece livre. “A maioria dos clientes já conhece a proposta. Mas sempre tem um ou outro que quando apresentamos uma ideia, vem sugerindo que tenhamos a patente do produto.”

Foi dentro da empresa que nasceu, há pouco mais de quatro meses, o Brasuíno, uma adaptação do Arduíno Uno, um microcontrolador italiano que funciona como uma espécie de processador de um computador e que facilitou a criação de diversos equipamentos, desde portas que abrem via mensagem de celular, cadeiras de roda com controle remoto, até a primeira impressora 3D. Sem contar uma infinidade de projetos na área de robótica.

A versão brasileira é mais barata, custa 90 reais, é compatível com a estrangeira e seu uso é mais simplificado. “Quase todos os eletrônicos utilizam um microcontrolador. Eles sempre existiram, mas nunca com hardware e software livres. Mesmo a versão do Arduíno não trabalha com software livre para desenho de hardware. Outra coisa que fizemos foi facilitar a expansão do microcontrolador, possibilitando agregar mais funções.”

Segundo Thadeu, os brasuínos são fáceis de programar o que atrai pessoas não necessariamente da área de ciência da computação, como artistas que têm usado o microcontrolador para criar artes interativas, como telões via sensor de toque ou de proximidade. “A grande vantagem dessas tecnologias serem livres é a facilidade com que as pessoas podem se apropriar do que já está feito, sem precisar pagar royalties. O que, consequentemente, abre o leque de interessados e facilita pequenos projetos e até novos negócios. É como os músicos que antigamente dependiam de estúdios para gravar um CD e hoje podem fazer isso de casa. Um acesso maior para mais pessoas. A lógica do faça você mesmo.”

Para Thadeu, uma das formas de estimular esse tipo de inovação pode vir da isenção de impostos para quem trabalha com a tecnologia livre e também por meio de financiamento de projetos. “Tenho visto uma geração muito criativa e com potencial para fazer várias coisas interessantes, principalmente quando se trata de trabalhos colaborativos e abertos. Desses formatos podem nascer coisas que, em outras escalas, na indústria, não seriam viáveis.”

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