Luis Gonçalves*
O Brasil representa hoje a 8ª maior economia mundial. No entanto, ocupa a 58ª posição do ranking de matemática do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Essa disparidade mostra que o país precisa repensar as políticas e os programas de educação das crianças e jovens para, nos próximos anos, ter uma população economicamente ativa capacitada para o mercado de trabalho e para contribuir com o ritmo de crescimento econômico.
A tecnologia representa um vetor fundamental para acelerar essa construção do conhecimento e reduzir a disparidade entre a formação de mão de obra e o ritmo de crescimento econômico. Em uma sociedade da informação, a influência dos recursos tecnológicos é cada vez mais relevante: desde 2007 são vendidos mais computadores no Brasil do que televisores e, atualmente, o país tem mais de um celular por habitante. Isso permite que crianças e jovens na idade escolar estejam mais conectados e, por consequência, mais abertos ao aprendizado por meio da tecnologia. No entanto, só uma pequena parcela das escolas brasileiras tem investido de forma consistente em recursos tecnológicos alinhados aos objetivos pedagógicos.
Para que isso seja possível, o primeiro ponto envolve a transformação da tecnologia em um facilitador do conhecimento e em uma forma de tornar o aprendizado em sala de aula mais compreensível e envolvente. Outro ponto fundamental para o sucesso das iniciativas que aliam recursos tecnológicos ao conteúdo pedagógico é transformar o professor no grande maestro dessa mudança, por meio da formação continuada, de conteúdo interativo adequado à proposta curricular e de infraestrutura tecnológica de boa qualidade. No Brasil, já existem diversos casos de sucesso de iniciativas voltadas a acelerar o desempenho de alunos e professores por meio da tecnologia. Um dos exemplos é o do projeto Aula Interativa, realizado em 23 escolas estaduais no município de Hortolândia, interior de São Paulo, voltado a usar tecnologias para acelerar o aprendizado. O projeto-piloto realizado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo envolveu cerca de 6.000 alunos e 100 professores.
De acordo com a Unesco, graças ao uso adequado dos recursos tecnológicos para alunos e professores, em 18 meses o projeto Aula Interativa aumentou em 20% o desempenho dos alunos participantes da iniciativa em matemática. Além disso, 44% dos estudantes que participaram do programa revelaram que as aulas ficaram mais interessantes e 54% citaram que isso aumentou o interesse pelo estudo. O estudo também apontou condições importantes e melhorias para implementações bem-sucedidas de uso de tecnologia com propósitos educacionais.
Esse levantamento da Unesco confirma que, por meio da tecnologia, em um curto espaço de tempo, o professor pode recuperar o papel da sala de aula e da escola como o grande centro de construção do conhecimento na nossa sociedade. Mais do que isso, aponta uma saída para o desafio vivido hoje no Brasil em relação à formação de mão de obra qualificada, que representa a base para a manutenção do crescimento econômico e social do país.
*Luis Gonçalves diretor-geral da Dell Brasil