16/09/2010
A telefonia móvel é a solução para dar acesso à internet a quem tem baixa renda? Esta foi uma das questões debatidas hoje no painel sobre Governança da Internet para o Desenvolvimento, na reunião do Internet Governance Forum (IGF 2010), em Vilna, na Lituânia, da qual participaram cerca de 30 representantes do Brasil. Veja abaixo um texto de Carlos Afonso, um dos membros do Comitê Gestor da Internet no Brasil, sobre o painel. Foi publicado no Blog da Delegação Brasileira no IGF.
Hoje, 16-9-2010, Parminder foi direto ao ponto no tema “Governança da Internet para o Desenvolvimento”, aqui na sessão principal do IGF.
Primeiro, destacou a importância da neutralidade da rede, sempre com impacto muito maior em redes de menor escala ou em espaços mais precários, como é a situação nos países de menor desenvolvimento.
Em segundo lugar, mencionou um tema que continua desconsiderado no IGF — os custos e qualidade da interconexão entre países, com especial destaque para a deplorável condição de preços exorbitantes e péssima qualidade para os países menos desenvolvidos. Esse assunto tem que ser levado a sério, com vistas inclusive a possíveis convenções internacionais de trânsito que permitam mais igualdade entre países.
Em terceiro lugar, a insistência do chamado “mercado” (e dos defensores do famigerado “enabling environment”, que em geral significa “enabling environment for big business”) em apresentar a transmissão de dados por telefonia móvel como a “solução” para as populações menos favorecidas. Não só a qualidade é pior, como o preço da assinatura e do transporte de dados é muito maior, e além disso há a limitação óbvia na interação de serviços possibilitada por um “smartphone” (“stupid phone”?). Quem defende isso em geral tem um belo laptop ou desktop e o telefone é apenas um auxiliar — ou seja, são os que já estão incluidos econômica e digitalmente. Em outras palavras, defende-se uma experiência de uso muito mais limitada e cara para os mais pobres.
Finalmente, uma lista (não exaustiva mas muito relevante) de itens essenciais a serem considerados na tal “governança da Internet para o desenvolvimento”.
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