Ação com poucos recursos

Rede TIN, Telecentros da Pesca e Quiosques Cidadãos: iniciativas de baixo custo e muita articulação.


Rede TIN, Telecentros da Pesca e Quiosques Cidadãos: iniciativas de baixo custo e muita articulação.

Telecentros ribeirinhos, às margens
do São Francisco, telecentros para colônias de pescadores, e
telecentros para pequenos e médios empresários, que usam os espaços
para prestar serviços comerciais. Os projetos de inclusão digital do
Ministério da Integração Nacional (MI), da Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca (Seap), e do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Mdic) trabalham com pouco dinheiro, mas
constituem redes próprias que serão ampliadas este ano. Usam,
principalmente, a capacidade de mobilização de outras fontes de
recursos ou a iniciativa voluntária de suas equipes.

A rede de Telecentros de Informação e Negócios (TIN), mantida pelo Mdic
e gerida pela Oscip Associação Telecentro de Informação e Negócios
(ATN), fechou acordo de prestação de serviços com a Caixa Econômica
Federal e com várias empresas na área de educação a distância —
segmento que, segundo o diretor geral da ATN, José Avando Souza Sales,
surge como tendência de vocação econômica para esses espaços de acesso
à internet. Atualmente, são 1,8 mil TINs abertos, dos quais 98 sem
acesso à web. “Solicitamos ao Gesac um canal para esses”, diz Avando. O
objetivo é chegar a  3,3 mil unidades até dezembro. Os
equipamentos são obtidos em doações, e a conexão, em geral, é paga pela
entidade conveniada. O Mdic tem R$ 1 milhão para o projeto, este ano.
Entra com capacitação online, de 120 horas, para os gestores (com a UNB e a Fapemig) e financia a produção de conteúdos de empreendedorismo.

Pelo acordo fechado com a CEF, os TINs poderão atuar como
correspondentes bancários “master” da instituição. Isto é, receber
pagamentos, efetivar saques, pré-abertura de contas-correntes,
solicitação de crédito, etc. E serão remunerados por esse serviço: R$
2,00 por conta aberta, R$ 4,00 por cheque especial concedido, etc. A
expectativa é de que até 400 telecentros se tornem correspondentes
bancários. A maior parte das demais parcerias envolve a oferta de
cursos online.
Uma das mais ativas é com a Universidade Metropolitana de Santos
(Unimes), para graduação e pós-graduação a distância, no espaço do
telecentro, que recebe, por isso, 20% da mensalidade paga pelo aluno —
R$ 39,00 na pós, e R$ 30,00 na graduação. Já são 12 TINs nessa
operação. “Em Senhora de Oliveira (MG), com 5,5 mil habitantes na Zona
da Mata mineira, são 115 alunos”, conta Avando.

Os TINs também podem se associar ao Gera Negócios (cursos na área de
vendas), ao IBBCT (técnicas de gestão) e à representação brasileira do
Niit-International Education Training Business, especializado em
tecnologia da informação, da Índia. Noutra ação, a fabricante de chips AMD vai sistematizar em CD-ROM um tutorial para distribuir entre os telecentros, explicando como participar do shopping
virtual dos Correios. Procedimento similar ao feito com o programa Old
Net, da ONG Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo: toda a metodologia
das oficinas, que reúnem pessoas da terceira idade e jovens de escolas
públicas, foi lançada em CD. A própria rede TIN, segundo Avando, deve
implementá-la.

No outro extremo das possibilidades de sustentabilidade, o 
Quiosque Cidadão, do Ministério da Integração Nacional (MI), tem como
alvo comunidades carentes, distritos e assentamentos rurais, muitos sem
energia elétrica ou telefone. Reúne 90 telecentros (85% conectados), em
vários estados (GO, MT, MS, PE, BA). Este ano, o objetivo é instalar
Quiosques em 60 municípios às margens do São Francisco, como parte do
programa de transposição do rio, além de 15 unidades no Mato Grosso.

Desde 2003, o Quiosque Cidadão consumiu R$ 50 mil, de acordo com André
Wogel, coordenador de tecnologia do MI. Nos telecentros em operação, há
150 mil usuários cadastrados, o que significa, diz ele, R$ 0,33 por
pessoa beneficiada. Os computadores provêm de doações ou do parque do
próprio ministério. Cada Quiosque tem de três a cinco máquinas, que
rodam Open Office sobre Minux, uma distribuição Linux criada pela
equipe do MI, que também fornece conteúdos em CD sobre temas de
cidadania e saúde.

As prefeituras, ao lado de ONGs como o Portal do Xingu ou a Associação
dos Calungas, mantêm os telecentros  e pagam a conexão (nenhum
Quiosque usa Gesac). Fazê-los funcionar requer criatividade. Na
comunidade dos Calungas, em Goiás, sem energia, o telecentro funciona
graças a dois geradores — um com placa solar, e outro movido à
bicicleta (energia cinética). “Cada duas horas pedaladas faz funcionar
o computador, o receptor de satélite, o único telefone comunitário e
até a lâmpada, por seis horas”, calcula André. O gerador cinético foi
criado com apoio do Ibras-Instituto Brasil de Inclusão Social. Está no
Quiosque dos Calungas e seria instalado, este mês, nos telecentros das
tribos Kamaiurá e Yawalapiti, no Parque Indígena do Xingu (MT).

A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, ligada à Presidência da
República, atua nas duas pontas com o projeto Maré-O Telecentro da
Pesca: tanto em municípios estruturados, como Cabo Frio (RJ), quanto em
vilarejos, como Morpará (BA), onde está a primeira unidade aberta na
rede, em 2004, e que, ainda hoje, é o único acesso à internet da
cidade. “O traço comum é que são comunidades pesqueiras”, diz Maria
Luiza Moretzsohn, coordenadora geral de pesca artesanal da Seap.

Até o final de 2006, eram 28 telecentros (19 com internet). Mais 34
serão abertos este ano, totalizando 62 unidades, das quais 53 devem ter
conexão. “Boa parte estava prevista para o ano passado, mas o período
eleitoral interrompeu, por lei, as doações”, afirma Maria Luiza. Os
recursos vêm do orçamento para capacitação dos pescadores. Em 2006,
foram R$ 1 milhão, dos quais R$ 270 mil para as capacitações feitas em
telecentros. Este ano, o total é de R$ 700 mil, mas a coordenadora
ainda não sabe quanto será aplicado na rede Maré. Todas as unidades
usam GNU Linux. O Banco do Brasil doa os computadores, e o Gesac, a
comunicação. O MI capacita três pessoas por telecentro, e paga seis
meses de bolsa (meio salário mínimo) a elas.

www.integracao.gov.br — Ministério da Integração Nacional (o portal do Quiosque Cidadão está em construção, pelo Serpro).

www.atn.org.br
— Associação Telecentro de Informação e Negócio

http://tuna.seap.gov.br/seap/telecentro
— Maré-O Telecentro da Pesca