Assange pede que Dilma dê asilo a Snowden

19/09 - O secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Juca Ferreira, também sugeriu que a presidente reveja a posição brasileira no caso.

Áurea Lopes

19/09/2013 – Julian Assange, fundador do WikiLeaks, pediu ontem que, diante das últimas revelações de espionagem estadunidense no governo brasileiro, a presidente Dilma Rousseff reavalie o pedido de asilo a Edward Snowden, asilado temporariamente na Rússia. O período de abrigo vence em agosto de 2014. Assange participou de videoconferência com cerca de 700 pessoas, ontem, no seminário “Liberdade, privacidade e o futuro da internet”, realizado no Centro Cultural São Paulo, por iniciativa da secretaria municipal de Cultura e da Editora Boitempo.

O seminário também teve a participação do secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, que também defendeu que o Brasil conceda asilo a Snowden. Para ele, a bisbilhotagem estadunidense “serve a fins  econômicos e não pode ser justificada pelo combate ao terrorismo, pois o Brasil sempre foi um país que trabalhou pela estabilização da paz no mundo”. “Devemos nos indignar toda vez que estamos diante de uma prática que não é legítima. Esse nível de espionagem é um desrespeito à soberania brasileira e a todos nós”, disse Ferreira. O debate teve ainda a participação da jornalista Natália Viana, que trabalhou com o Wikileaks no Brasil. Ela ressaltou que “está na hora de o governo brasileiro mudar sua postura”.

Assange sugeriu ainda que o Brasil conceda asilo à jornalista Sarah Harrison, uma das principais assessoras do Wikileaks, responsável pela segurança de Snowden durante a fuga para a Rússia. Ela está em autoasilo em Berlim, na Alemanha. “Barack Obama processou mais fontes jornalísticas sob o ato de espionagem do que todos os presidentes anteriores combinados”, denunciou o fundador do WikiLeaks.

Ao apontar que os investimentos em espionagem estão duplicando a cada 18 meses, no mundo, Assange alertou que cidadãos e governos “precisam mudar de comportamento”. O armazenamento de dados no Brasil  é uma alternativa, em sua opinião, mas não resolve o problema: “Você se preocupa mais com a vigilância do governo dos Estados Unidos ou com a do governo brasileiro, que pode mandar a polícia na sua casa?”, brincou. A única forma eficaz de proteção, segundo ele, é garantir que os dados de navegação sejam anônimos.