Aula de videogame

Fábrica de Jogos: projeto de pesquisa pernambucano estimula alunos do ensino médio a desenvolver seus próprios jogos eletrônicos.


Fábrica de Jogos: projeto de
pesquisa pernambucano estimula alunos do ensino médio a desenvolver
seus próprios jogos eletrônicos.
 
Leandro Quintanilha


Lançamento da Fábrica de Jogos, na escola Cícero Dias.

Os 426 alunos do colégio público de ensino médio mais bem equipado de
Pernambuco agora passam parte do expediente escolar jogando videogame.
Eles são os primeiros estudantes a participar da Fábrica de Jogos,
projeto de pesquisa do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife
(Cesar), em parceria com o Geração Oi, um programa focado em ações
educativas, vinculado ao Oi Futuro, instituto de responsabilidade
social da operadora de telecomunicações. Após a primeira fase do
projeto — a “prática de uso”, os estudantes do Centro de Ensino
Experimental Cícero Dias serão estimulados a criar seus próprios jogos,
para plataformas muito populares entre adolescentes: celulares e
computadores.

“Fazemos de um ‘vício’ um meio de desenvolver habilidades”, afirma o
educador Luciano Meira, criador e coordenador do projeto e professor do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). A Fábrica de Jogos foi lançada oficialmente no dia 18 de maio,
mas as atividades já haviam começado uma semana antes. A iniciativa é
fruto de um convênio firmado entre o Oi Futuro e o Cesar.


Luciano Meira, criador e
coordenador do projeto
"prática de uso"

A Cícero Dias é a primeira escola a aderir ao projeto de pesquisa para
a criação de jogos eletrônicos, mas a idéia é que a Fábrica de Jogos
faça parte do currículo do ensino médio de todas as escolas do Geração
Oi (leia o quadro para entender melhor o programa e as entidades
envolvidas). Espera-se, ainda, que, em três anos, cerca de 40 jogos
eletrônicos desenvolvidos pelos alunos da Cícero Dias possam ser
oferecidos a outras escolas públicas do país. “Nesse período,
professores de outras instituições também poderão fazer uma ‘residência
pedagógica’ na escola, para conhecer de perto o projeto”, afirma Samara
Werner, gerente do Oi Futuro.

“A inclusão digital não se restringe ao acesso”, diz. “Com a Fábrica de
Jogos, os adolescentes tornam-se criadores de conteúdo.” A Cícero Dias
foi inaugurada no ano passado, com o propósito de se tornar um
laboratório pioneiro de mídia-educação (veja ARede nº 13). No primeiro
ano, os alunos participaram da criação de um carro de controle remoto,
uma maquete com iluminação e uma urna eletrônica, entre outros. Há
alguns meses, o programa Geração Oi procurou o Cesar em busca de novas
idéias. “Nossa preocupação era desenvolver um projeto de alta
tecnologia que realmente interessasse os jovens, algo do seu universo”,
conta Samara.

Na Cícero Dias, as aulas são ministradas em período integral. A Fábrica
de Jogos funciona todos os dias, com revezamento de turmas e
participação dos professores da escola e de consultores do Cesar. Os
alunos são organizados em times, de seis a oito integrantes. Aos
poucos, dentro de cada grupo, eles assumirão papéis produtivos
individuais — um ficará encarregado do design,
outro do roteiro, um terceiro da programação. “A criação de jogos é um
espectro amplo de competências”, afirma o coordenador Luciano. O
objetivo da organização em grupo com definição individual de papéis é
estimular, ao mesmo tempo, a didática colaborativa e a autodidática,
políticas que norteiam o projeto pedagógico da Cícero Dias. Cada time
terá um líder, definido por meio de um concurso de redação (o tema são
as intenções de trabalho).


Desenvolvimento de novos jogos,
como o Tíbia, já famoso.

“Estamos conversando com a diretoria sobre a possibilidade de abrir a
escola aos sábados, para que os alunos possam levar parentes, amigos e
vizinhos para jogar”, diz Luciano. “Será como uma lan house
gratuita.” Isso, porque a brincadeira é parte do aprendizado. “Não
separamos a teoria da prática. Nosso plano de estudo pode ser visto
como um triângulo — num vértice, as práticas de uso; em outro, a
conceitualização; e, no terceiro, a implementação.” Resumindo: os
adolescentes jogam para entender as dinâmicas possíveis, a ponto de
criar novas possibilidades de jogo. Jogam para se divertir e entender a
brincadeira, até se tornarem aptos a reinventá-la.

Luciano frisa que até jogos eletrônicos de ação podem ser educativos. A
criação requer, no mínimo, noções de lógica, programação, roteiro e
arte. De acordo com o conteúdo, a pesquisa pode enveredar para
História, Física ou Biologia, além de diversas outras áreas do
conhecimento. “Já existe, por exemplo, um joguinho em que o objetivo é
destruir as células cancerosas de um organismo — para derrotá-las, há
de se conhecer suas especificidades.” As possibilidades são
incontáveis.

Para Samara, os benefícios da Fábrica de Jogos vão além de seu grande
potencial de aprendizado. O projeto, afirma, aproxima a escola do
estudante e oferece opções, com experimentação prática, que podem
facilitar a escolha profissional.

Papéis no jogo

A Fábrica de Jogos é um projeto de pesquisa do Centro de Estudos e
Sistemas Avançados do Recife (Cesar) criado para o programa Geração Oi,
do instituto Oi Futuro de responsabilidade social. O projeto acaba de
ser lançado no Centro de Ensino Experimental Cícero Dias, colégio
estadual de ensino médio. Conheça melhor as instituições envolvidas e o
programa Geração Oi:


• Centro de Ensino Experimental Cícero Dias
Criada no ano passado, no Recife (PE), com um investimento de R$ 12,9
milhões, a escola de ensino médio é resultado de uma parceria do
Instituto Telemar, hoje Oi Futuro, com o governo de Pernambuco. A
Cícero Dias é equipada para projetos de mídia-educação e funciona em
período integral, das 7h30 às 17h. Além do ensino tradicional e das
disciplinas tecnológicas, oferece também aulas de filosofia.


• Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife
Ganhador do Prêmio Finep de 2004, como a instituição de pesquisa mais
inovadora do país, o Cesar é uma organização sem fins lucrativos que
estimula a produção de novas tecnologias. Funciona no Porto Digital, em
Recife, onde empresas desenvolvem sistemas digitais, softwares e outros
projetos de tecnologia da informação, em parceira com a UFPE.


• Oi Futuro
Trata-se do instituto de responsabilidade social da operadora Oi, focado em ações de educação e cultura.


• Geração Oi
Programa do Oi Futuro, que promove projetos educativos de ensino médio
voltados para a cultura digital, em parceria com secretarias estaduais
da Educação, universidades e entidades do terceiro setor.


www.cesar.org.br – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife

www.oifuturo.org.br – Oi Futuro