Banda larga: Brasil está ainda no terceiro estágio.

No primeiro estágio se encontram todos os países desenvolvidos com destaque para Finlândia e Coreia, líderes em banda larga; no segundo, chamado de transição, estão os países do Leste Europeu, a Malásia e os latinos americanos Chile, Uruguai e Argentina, entre outros. O Brasil integra o terceiro estágio, batizado emergentes, ao lado da maioria dos países latino-americanos.

07/11/2011
Do Tele.Síntese

Apesar dos avanços da banda larga no Brasil, que já alcança 50,7 milhões de acessos fixos e móveis, o país ainda está distante do estágio dos países avançados. Metodologia desenvolvida pelo economista e professor Raul Katz, diretor do Centro de Pesquisa Estratégica em Negócios do Columbia Institute for Teleinformation, classifica os países em quatro estágios, a partir de um levantamento quantitativo da infraestrutura e de sua robustez, dos terminais de acesso disponíveis, da capacidade da rede, do acesso da população aos serviços oferecidos, do uso da banda larga e do capital humano disponível para seu desenvolvimento.

No primeiro estágio se encontram todos os países desenvolvidos com destaque para Finlândia e Coreia, líderes em banda larga; no segundo, chamado de transição, estão os países do Leste Europeu, a Malásia e os latinos americanos Chile, Uruguai e Argentina, entre outros. O Brasil integra o terceiro estágio, batizado emergentes, ao lado da maioria dos países latino-americanos. No quarto estágio estão os países atrasados, especialmente os da África.

De acordo com Katz, a diferença entre a metodologia desenvolvida pelo seu centro de pesquisas e a do Banco Mundial, é de que esta metodologia é unicamente quantitativa, livre de toda a interpretação subjetiva sobre a qualidade do serviço. Ele observou que mesmo os países do primeiro estágio, que não têm problema de cobertura nem de qualidade de rede e preço, enfrentam dificuldades relacionadas ao uso da internet. “Ainda falta rentabilizar o uso da banda larga, com mais serviços e conteúdo”, avalia.

O diretor do Centro de Pesquisa Estratégico em Negócios do Columbia Institute apresentou os resultados de suas investigações sobre os impactos da banda larga durante o II Fórum Ibero-Americano para o Desenvolvimento da Banda Larga, que se realiza em São Paulo. Promovido pela Ahciet, entidade que reúne empresas de telecomunicações e centros de pesquisa da América Ibérica, o seminário foi aberto pelo secretário geral do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, que destacou a necessidade de os países da América Latina se unirem para fortalecer a internet regional, com ampliação dos backbones e dos pontos de presença em países da região.

Planejamento
Em sua exposição, Katz defendeu que os planos de banda larga não podem planejar apenas a oferta, mas também a demanda, pois há grandes barreiras do lado da demanda no caso dos países latino-americanos, em decorrência das desigualdades regionais e da má distribuição de renda.

Ele alertou ainda que é preciso estabelecer metas para a oferta, para a demanda e para a velocidade do serviço, e que as metas de velocidade devem levar em conta o tipo de uso da rede. A demanda de velocidade de grandes empresas e das pequenas e médias exportadoras é diferente daquela das demais pequenas e médias empresas. Da mesma forma, a demanda de pontos públicos, como escolas e unidades de saúde, depende do perfil do usuário.

Outra questão fundamental nos planos de banda larga é o financiamento do investimento. De acordo com as pesquisas de Katz, na América Latina o serviço vem se expandindo graças, fundamentalmente, ao investimento privado. “Foram US$ 52 bilhões nos últimos três anos”, disse ele. No entanto, destacou que o aumento da penetração depende de políticas públicas que criem alavancas para o investimento em regiões não atrativas economicamente (fontes de financiamento, desoneração fiscal, facilidades para uso de infraestrutura, etc.), do uso dos fundos de universalização e de outros recursos para subsídios às famílias de baixa renda.

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