Banda larga: operadoras temem efeito de exigências excessivas de qualidade.

A preocupação com proposta da Anatel é de que aumente custos, com impacto negativo na expansão do serviço que enfrenta barreiras fora do ecossistema de telecom.

16/08/2011

Do Tele.Síntese
Embora admitam que a cobertura de banda larga no Brasil ainda seja limitada, representantes de operadoras afirmam que muito disso se deve a fatores externos, uma vez que o acesso a computadores, níveis de renda e educação da população ainda afetam a demanda em boa parte do país. Outro fator negativo é a enorme carga tributária. A tudo isso se soma algumas exigências da Anatel, que encarecem o custo do serviço e reduzem os recursos para investimento. Como o Brasil é marcado por grandes desigualdades regionais e de renda, embora a penetração no país da banda larga fixa seja de 24% das residências, no estado de São Paulo chega a cerca de 55% a relação das residências. Em relação aos domicílios que têm PCs, ela é de 51% no país e de 75% em São Paulo.
Segundo o gerente de consultoria regulatória da Oi, Jorge Correia, a implantação da infraestrutura para ampliar a banda larga no Brasil depende de um investimento de pouco ou longo retorno. “É preciso ter condições para fazer isso”, afirmou o executivo, que participou do 27º Encontro Tele.Síntese, realizado esta terça-feira (16) pela Momento Editorial em São Paulo. Segundo Correia, a iniciativa da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de implementar novas exigências em relação ao serviço de banda largaforça as operadoras a deslocar seus investimentos.
Ele cita o exemplo das garantias de velocidade mínima de entrega que vêm sendo discutidas pela autarquia, afirmando que o investimento é desnecessário uma vez que ainda não há demanda no país por altas velocidades de conexão, e que sua manutenção depende também de outros fatores além das provedoras. “As operadoras serão forçadas a investir rios de dinheiro, e os ‘googles’ da vida aproveitam da infraestrutura de rede sem custo”, disse Correia, lembrando que não há política no país para que provedores de conteúdo que utilize muita banda compartilhem os custos para manter conexões rápidas. Também o professor Arthur Barrionuevo, da FGV/SP, e a economista Claudia Viegas, consultora da LCA, participantes do último painel, mostraram preocupação com os efeitos negativos de exigências excessivas sobre os investimentos.
Para o diretor de marketing fixo da Telefônica, Henrique Moraes, os altos impostos incidentes sobre os serviços de telecomunicação no país também dificultam a expansão dos serviços de banda larga pelas operadoras a preços menores. Segundo ele, a carga tributária de mais de 40% sobre o setor é dobro da média regional na América Latina.
Nível de Japão
Para o estado de São Paulo, onde a Telefônica opera, a previsão é de que a penetração da banda larga fixa em domicílios com computador chegue a 82% em 2014, o que segundo Moraes já está próximo do nível de países como Japão, por exemplo. A concessionária investiu R$ 5 bilhões em banda larga fixa no país, enquanto seu braço de telefonia móvel Vivo contabilizou outros R$ 3,4 bilhões em internet móvel, modalidade que já superou a banda larga fixa em número de acessos no Brasil e deve crescer mais 33% até 2014, de acordo com o executivo.
Já Correia, da Oi, afirma que o foco de investimento da companhia será onde há demanda. A empresa já levou seu backbone para todas as capitais do Norte do país, exceto Macapá, e tem Ponto de Presença de internet em todas as sedes de municípios de sua região. O desafio, segundo ele, além de atender a região Norte e as periferias das grandes cidades, é chegar na zona rural.
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