Lúcia Berbert, do Tele.Síntese
08/07/2013 – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse nesta segunda-feira (8) que não tem dúvida nenhuma de que as comunicações eletrônicas de brasileiros foram espionadas pelos Estados Unidos. “Até o parlamento europeu eles estavam monitorando”, afirmou. Ele disse que as circunstâncias e datas do monitoramento são informações que o governo quer saber. “Nossa preocupação é com o cidadão. A internet sempre teve uma aura importante, positiva de ambiente livre e hoje estamos verificando que está se tornando um instrumento de espionagem. Evidentemente que isso vai gerar insegurança nos cidadãos, as pessoas vão começar a se cercear nas suas comunicações”, salientou o ministro.
Bernardo disse ainda que as investigações para apurar os fatos serão feitas com muita prudência e tranquilidade. “Acho que não tem motivo para isso (azedar as relações com os EUA]”, afirmou. Mas, por outro lado, disse que o governo será firme e exigirá transparência. “Somos países amigos, mas isso não elimina a necessidade de exigirmos explicações”, adiantou.
Cabo submarino
Para o ministro, o mais provável é que a quebra do sigilo das comunicações tenha ocorrido por meio do monitoramento de cabo submarino, algo que se faça lá de fora. “Porque convênio para empresas entregarem dados eu acho muito mais complicado, pois isso é crime”, avalia.
Bernardo disse que as denúncias fortalecem a reivindicação do Brasil, da necessidade de mudança na governança da internet. “Ela não pode ser regida por uma entidade privada americana quando a gente sabe que na verdade ela é controlada pelo governo americano”, argumenta, se referindo a ICANN (sigla em inglês para Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números), que é subordinada ao governo dos Estados Unidos.
O ministro disse que o pleito foi apresentado em dezembro, na reunião da União Internacional de Telecomunicações (UIT). “Os caras disseram que a gente estava querendo controlar a internet, quando na verdade eles já estavam controlando”, concluiu.