A idéia é fomentar ações nas áreas de mídias livres e inclusão digital
Grupo de trabalho sobre a preservaçao
digitalO Brasil acaba de aderir ao Programa Informação para Todos (Ifap, na sigla em ingês), que a Unesco promove em mais de 26 países. Segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) — unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia — Emir Suaiden, que é o secretário-executivo do comitê nacional do programa, é necessário desenvolver ações para que as pessoas tenham acesso à inclusão digital. O Ifap é uma ação intergovernamental, criada no ano 2000 para explorar as oportunidades geradas pela era da informação que promovam sociedades mais eqüitativas por meio do acesso universal à informação.
Suaiden defendeu, durante o I Fórum de Informação para Todos, ocorrido em maio, em Brasília, a realização de um grande benchmarking para apurar o que há de melhor, no Brasil e no mundo, sobre metodologias de alfabetização digital. Para, depois, traçar um plano de disseminação das ações de inclusão. “Não basta doar equipamentos, é preciso ensinar as pessoas a usarem o computador para ampliar seus conhecimentos”, disse.
Para o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, outra preocupação do programa é evitar que o acesso à informação padronize as sociedades. “É inadmissível imaginar que a revolução da informação e da comunicação conduziria a uma forma única de sociedade”, alerta. Ele acredita no multilingüismo como forma de preservar as culturas de cada país, diante do avanço tecnológico.
Já o I Fórum de Informação para Todos, que reuniu organizações públicas e privadas, formou cinco grupos de trabalho com os temas: preservação digital, educação e cultura, multilingüismo, acesso livre ao conhecimento e inclusão digital/social. Também estiveram em debate experiências de alfabetização digital, como o programa dos pesquisadores da UnB com alunos do ensino médio do Centro Educacional Gisno, uma escola pública de Brasília. “A escola tinha um índice de aprovação de 3% no vestibular no primeiro ano e passou para 68% ao final do programa”, citou Suaiden.
A Unesco não é organismo financiador, mas recebe doações voluntárias para programas específicos. Segundo Defourny, de 2001 até 2005, a organização recebeu US$ 2 bilhões em doações para apoiar iniciativas de inclusão digital e acesso livre à informação. Ao aderir ao programa, o Brasil credencia-se a receber recursos para projetos na área.
O programa Ifap conta com um Conselho Intergovernamental e é composto por 26 estados membros da Unesco, eleitos em uma Conferência Geral. O Bureau do Conselho Intergovernamental é constituído por oito estados membros, nomeados pelo Conselho, e reúne-se duas vezes por ano para avaliar, selecionar e aprovar projetos. O Brasil foi nomeado, em abril, um dos oito estados membros.
O objetivo do Ifap é estimular a criação de comitês nacionais que atuem como fórum permanente que facilite a troca de informações com as instituições nacionais, a fim de contribuir para o desenvolvimento de políticas de informação relacionadas aos objetivos e atividades do programa. São mais de 50 comitês nacionais do Ifap no mundo. Como secretaria-executiva do Comitê Nacional, o Ibict é responsável por disseminar as propostas do Ifap no Brasil, promover debates e parcerias com instituições governamentais e privadas, além de identificar ações que respondam aos objetivos propostos pela Cúpula Mundial da Sociedade da Informação.