Áurea Lopes
08/02/2012 – Concorrida e participativa, a mesa “Cuberativismo político: separando o joio do trigo”, realizada hoje na Campus Party, possibilitou um democrático enfrentamento de opiniões entre ativistas digitais. Um dos principais focos das discussões foi a contraposição entre o ativismo chamado de “antigo”, como as manifestações em locais púbicos, e o ativismo virtual, chamado “novo”.
Alberto Azevedo, líder do projeto Security Experts Team, disse que marchas nas ruas são coisa do passado: “O formato Anonymous funciona em todo o mundo e é mais condizente com a realidade atual”. No entanto, ele criticou alguns protestos feitos no Brasil, que, segundo ele, não refletem uma posição ideológica. “Uma parte da comunidade hacker não está sabendo usar essa capacidade política das redes”.
Para Marcelo Branco, da Associação Software LIvre, é preciso uma aliança entre os “velhos” e os “novos” movimentos em lutas comuns. Citando as mobilizações na Espanha, Egito, entre outros casos, ele apontou que quem está levando as pessoas para as ruas são as redes sociais. Mas, acredita, ainda há, “muita energia dentro dos partidos de esquesociaisrda e das organizações populares”. Explicando que o Anonymous não é um grupo de hackers, mas uma forma de ativismo, ele considera que está havendo uma confusão entre os adeptos desse movimento, que uma hora se aliam ativistas pelas liberdades na rede, e outra hora fazem ataques a sites e blogs de pessoas físicas.
O sociólogo Sergio Amadeu comparou os direitos de fazer greves e passeatas em locais públicos, conquistados ao longo do processo histórico de democratização, com o direito de fazer manifestações pela internet. “Mas uma coisa é usar a máquina em mobilizações de protesto, fazer ataques para derrubar sites em nome de causas como a liberdade da rede. E outra é fazer invasão de máquinas e sistemas, ações descoladas de um fundamento ideológico, como a derrubada de sites do Governo do Distrito Federal, ou de blogs autorais, só porque não se concorda com o ponto de vista do blogueiro”. Ele entende o Anonymous como uma forma, uma ideia, e não uma ideologia.
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