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Conteúdo – A internet contra um mosquito

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A internet contra um mosquito

Site colaborativo mapeia os focos de dengue na região do Grande Rio de Janeiro e Baixada Fluminense
Anamarcia Vainsencher

 

ARede nº 86 – novembro de 2012

 

Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 106.437 casos de dengue no estado do Rio entre janeiro e abril de 2011. No mesmo período de 2012, o número caiu para 80.160. A queda se deve a diversos fatores, como intensificação do combate por parte setor público e investimento em campanhas de conscientização. Mas um site também contribuiu para essa redução e pretende se tornar mais relevante a cada ano.

setor privado conteudo a internet contra um mosquito 02O Rio Sem Dengue entrou no ar em março de 2011 e funciona como um mapa da incidência da doença no Grande Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. Escrito em programação PHP/HTML sobre a plataforma Ushahidi (software livre utilizado para mapeamento de situações de perigo e emergenciais) recebe denúncias de focos da doença e as sinaliza em um mapa conforme o local de origem.

Além de mostrar em que regiões o Aedes aegypt parece estar procriando com sucesso, o site compila números de casos, permitindo a comparação com estatísticas oficiais. O melhor da história é que a ferramenta funciona de forma colaborativa. São pessoas comuns, familiares de vítimas, gente que contraiu o vírus ou simplesmente viu um foco ao caminhar pela rua, que enviam as informações, alimentando o banco de dados.

São bem-vindos não apenas avisos sobre locais onde alguém contraiu a doença, como também informações de pontos onde haja água empoçada, sujeira acumulada, caixas d’água expostas etc. – situações que propiciam o criadouro do mosquito. Além do mapa das áreas mais atingidas, o site traz um serviço de alerta, que notifica (por e-mail ou telefone) o usuário quando surgem novos casos perto de sua residência ou trabalho.

Adotar o compartilhamento como princípio também permitiu aos criadores da página eliminar a necessidade de gestores. Tudo o que é preciso é manter o site no ar. As informações chegam e tornam o mapa, a cada ano, mais relevante para os órgãos de combate e a população. Quem criou e mantém o serviço no ar foi a empresa carioca Metara Comunicação, agência especializada em criação de campanhas publicitárias para empresas e instituições públicas.

De acordo com Paulo Neumann, diretor da Metara, a qualidade do projeto é sua capilaridade. “No Grande Rio de Janeiro e Baixada Fluminense as comunidades dispõem de acesso gratuito à rede. Muitos usam as lan houses. Outros têm computador. O projeto não se destina especificamente a pessoas de baixa ou alta renda”, diz.

Atualmente, a Metara busca parceiros nos meios de comunicação para divulgar o site. Neumann lembra que, quanto mais famosa, mais informações a página receberá, e mais importante vai se tornar no combate à dengue. Com o apoio de sites de notícias, jornais e revistas que o executivo espera obter nos próximos 12 meses, a meta é alcançar 20 mil visitas diárias – hoje o público é de 600 a 700 visitantes ao dia.

“Esperamos que a mídia, ou alguma instituição, abrace o projeto Rio Sem Dengue. É o que falta para que caminhe por suas próprias pernas”, pondera. O diretor da Metara tem pressa. Lembra que o vírus reaparece com força em novembro e que uma mutação já originou a dengue tipo 4, mais agressiva que as outras. “Todos com menos de 30 a 35 anos estarão sujeitos ao vírus tipo 4”, alerta.

Para contribuir com o Rio Sem Dengue basta preencher um formulário simples – não é necessário sequer se identificar. Não há login ou criação de cadastro. No mapa, interativo, podem ser anexados imagens, vídeos e descrições em forma de texto. A incidência de casos é representada com um círculo vermelho. Quanto mais casos registrados em determinada área, maior será o círculo, tornando fácil enxergar as regiões mais problemáticas. O mapa também exibe resultados conforme o tipo de dengue: comum ou hemorrágica. Não há, ainda, nenhum caso do tipo 4 identificado – os criadores torcem para essa informação não precise aparecer por lá. 

www.riosemdengue.com.br