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Embarque nessa viagem
Comunidade Hacker monta ônibus para “invadir” cidades
ARede nº72 agosto de 2011 – A Transparência Hacker criou um novo conceito de invasões hackers. Em vez de encontrar brechas para entrar em redes de computadores, pretende invadir pequenos municípios brasileiros com uma “armada de hacktivistas”. Para realizar oficinas, debates e hacks de transparência pública. A Transparência Hacker tem cerca de 700 participantes, reunidos em torno de uma lista de discussão. Eles compartilham a ideia de que é possível, com dados públicos abertos, ferramentas de software e participação da sociedade, construir uma nova maneira de fazer política. Mais direta, informada, participativa. Mais transparente. O veículo para realizar essas invasões será um ônibus, o Ônibus Hacker.
A Transparência Hacker começou em 2009, com a realização de um hack day em São Paulo. Os hack days reúnem programadores, gestores públicos, jornalistas e ativistas para criar soluções de uso de dados públicos – chamadas hacks. Desde então, foram realizados várias dessas jornadas. Alguns projetos iniciados nesses encontros foram o SACSP, que distribui as reclamações feitas por cidadãos no site da Prefeitura de São Paulo em um mapa do Google; o Cheque URL, onde se pode cruzar notícias sobre empresas com com dados de doação de campanha para candidatos na eleição de 2010; o Brasil quer Falar! Mapa das Rádios Comunitárias, que mostra quantas rádios comunitárias pediram autorização para funcionar e quantas receberam.
Com as invasões hackers, de ônibus, a Transparência planeja realizar novos encontros e trabalhar, junto com as pessoas de cada cidade, e nos temas que interessam a elas. A organização também vai divulgar a necessidade de transparência pública e disseminar o uso das ferramentas digitais para reivindicação, crítica, fiscalização, proposição de novas políticas. “Não dá para fazer esse tipo de invasão com uma só pessoa”, comenta Pedro Markun, da Transparência Hacker. “Agora, com um ônibus cheio de hackers, a coisa é diferente. Podemos fazer oficinas, debates, encontros em escolas, bibliotecas, praças”, acrescenta.
Para adquirir o ônibus, a Transparência recorreu ao esforço colaborativo. Lançou o projeto no site Catarse, de financiamentos coletivos, e recebeu contribuições de quase 500 pessoas. No total, foram doados R$ 58.593,00, quase 50% a mais do que os R$ 40 mil que havia estabelecido para viabilizar o projeto. A maior parte das doações, cerca de 300, foi entre R$ 10 e R$ 249. Somente 49 pessoas doaram entre R$ 250 e R$ 2 mil. E uma doou R$ 5 mil.
Com esses recursos, começa a segunda fase do projeto. A Transparência está realizado reuniões com participantes de coletivos como Metareciclagem, Garoa Hacker Clube, Música para Baixar, para definir como equipar o ônibus. Com parte dos recursos arrecadados, vai conceder microbolsas para colaboradores que vão projetar e implantar equipamentos, instalar a rede, as conexões. Com a colaboração da comunidade, serão escolhidas as cidades a serem “invadidas”.
O Ônibus Hacker quer hackear a forma de fazer política nas cidades por onde passar. É uma plataforma física para articular iniciativas de quem quiser embarcar nessa viagem. Um comum. Você tem alguma ideia? Escreva para a lista da Transparência Hacker: thackday@googlegroups. (P.C.)
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