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capa – Empresas investem nas crianças do café

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Empresas investem nas crianças do café

Criação de salas digitais reduziu a evasão escolar


ARede nº 85 – outubro de 2012

O BAIRRO DOS COELHOS é a maior comunidade da zona rural de Cabo Verde, no Sudoeste de Minas Gerais. Sexto maior produtor de café entre os fornecedores da Cooxupé, com produção de 350 mil sacas ao ano, Cabo Verde reúne grandes e pequenas propriedades em uma importante área rural que concentra 6 mil dos 13,8 mil moradores do município, com orçamento de R$ 18 milhões este ano. A configuração da zona rural e o peso do café na economia da cidade explicam porque o bairro dos Coelhos conta com uma escola, a EM Pedro de Souza Melo, muito bem instalada e aparelhada. Lá estudam mais de cem crianças dos Coelhos e de outras comunidades próximas. A Pedro de Souza Melo cobre do pré até a quinta série. A partir da sexta série, os estudantes têm que se deslocar até a cidade de Cabo Verde, para prosseguir os estudos.

Com quadra poliesportiva e campo de futebol, a escola, cujo prédio novo foi inaugurado em 2000, ganhou em 2008 uma sala digital dentro do programa Criança do Café na Escola, desenvolvido por empresas como Porto de Santos e Illy Café, e pelo Conselho dos Exportadores do Café do Brasil (Cecafé), em parceria com prefeituras e secretarias de governo. São dez computadores ligados em rede, que se conectam à internet por meio de um link, via rádio, pago pela prefeitura. A escola tem um monitor para as aulas de informática, que acontecem às sextas-feiras.

O laboratório digital da Pedro de Souza Melo é um dos 117 mantidos pelo programa, que atende os estados de Minas Gerais (65), São Paulo (21), Espírito Santo (21), Rio de Janeiro (5), Bahia (3) e Paraná (2). Nas instituições onde estão instalados, os equipamentos são franqueados ao uso de alunos, professores, monitores, pais e comunidade local, atingindo algo em torno de 40 mil usuários. De acordo com Ronaldo Taboada, diretor administrativo e financeiro do Cecafé, já foram investidos no programa, desde 2003, cerca de R$ 3 milhões. O Cecafé e empresas associadas respondem pela instalação dos laboratórios – cada unidade, com dez computadores, impressora, ar condicionado, TV e DVD, custa em torno de R$ 21 mil – e pela manutenção. A prefeitura, em geral, paga o acesso à internet e o monitor. Os softwares utilizados são fornecidos pela Microsoft, parceira do programa.

Há laboratórios instalados tanto em escolas rurais, como em Coelhos, como em escolas urbanas. Nas cidades, mais de 80% estão conectados à internet, percentual que cai para menos de 20% na zona rural, em função das dificuldades de cobertura. Entre os benefícios do programa, Taboada destaca a redução significativa da evasão escolar. Além do Criança do Café na Escola, o Cecafé desenvolve outro projeto de alfabetização digital e pesquisa na internet para produtores rurais. Criado em 2006, o Programa Produtor Informado já atendeu 550 agricultores, em 55 turmas. Com acesso à previsão do tempo pela internet e às cotações do produto, os pequenos produtores obtêm informações que lhes permitem tomar decisões, seja no manejo do café no terreiro de secagem, seja em relação à comercialização.