Capa – Espaço para as máquinas



O número de computadores disponíveis no telecentro – e o horário de
funcionamento
vai definir sua capacidade de atendimento. A conta é
simples: se o tempo de uso, em seu telecentro, é de uma hora por
pessoa, um computador disponível doze horas por dia atende 12 pessoas
por dia. O ideal é ter máquinas novas, que geram menos problemas de
manutenção. Mas nem sempre isso é possível – ou necessário, diz Dalton
Martins, do MetaReciclagem, movimento que recondiciona computadores
usados para montar telecentros.  Desmontar e montar computadores,
configurar servidores, escolher o sistema operacional aberto indicado
para cada máquina é o dia-a-dia de seus participantes. Quem aprende,
também cria uma maneira de gerar renda. Sacadura Cabral, um espaço de
inclusão – esporo
do Meta dá cursos pagos de informática. Ao final,
os alunos ficam com o computador no qual aprenderam, por cerca de R$
500,00, em dez vezes.

O maior doador de computadores do país é o Banco do Brasil. São 
máquinas usadas. Na última renovação de seu parque tecnológico, em
2003, o BB ofereceu 50 mil computadores para projetos de inclusão. Não
há máquinas disponíveis hoje, mas o BB vai definir, no final do ano, a
renovação do parque em 2006, e iniciar uma nova rodada de doações.
Entidades interessadas podem se inscrever por meio de formulários
encontrados nas agências do banco. A condição é que o projeto seja
comunitário e dirigido à população sem acesso a tecnologias da
informação .

As redes mais baratas são formadas por terminais sem disco rígido. A
maior dificuldade é conseguir os servidores, que custam de R$ 2 mil a
R$ 2,5 mil. O ideal para um telecentro, de acordo com Edgar Piccino, do
ITI, é um servidor com clock de 2 GHz, memória mínima de 1 Gb, dois
discos de 40 Gb, uma placa de rede 10/100, monitor de 15 polegadas. Mas
pode-se usar máquinas menos potentes, desde que tenham um sistema
operacional adequado. “O projeto pode ser feito em rede. O pessoal do
Meta ajuda a definir o perfil técnico adequado à finalidade do
telecentro, dá cursos e debate a gestão”, diz Martins. Além disso,
integrar uma rede qualifica o projeto diante de possíveis doadores ou
patrocinadores.

O espaço físico para o telecentro é um dos critérios mais importantes
na escolha de parceiros, em programas oficiais de inclusão digital. Na
maioria das vezes, a entidade fica responsável pelo espaço e pela sua
segurança. Segundo Wilken Sanches, do Coletivo Digital, um telecentro
com 20 computadores, três monitores e um coordenador deve dispor de 60
metros quadrados. E contar com uma área de convivência – onde o usuário
espera sua vez e se desenvolvem outras atividades comunitárias.

A Intel, para efetivar uma doação de notebooks para a ONG Juventude
Ativa, que pilota um telecentro no Jardim Antártica, em São Paulo,
exigiu garantias de segurança do espaço. Por essa razão, a entidade
colocou grades em todas as portas. Outras alternativas são colocar os
equipamentos no seguro ou fortalecer intensamente a articulação com a
comunidade. Essa interação local pode assegurar, até, o financiamento
do próprio espaço. No Juventude Ativa, é o Supermercado Andorinha que
paga o aluguel.

A rede Saci oferece, em seu site, um guia de orientações para montar
telecentros sem barreiras para portadores de deficiências. O Serpro
atua em parceria com o BB e presta serviços às entidades, fornecendo
projetos para a adequação do local e da rede elétrica, de modo a gerar
menos falhas nos equipamentos.