Mais antenas no campo
Nas comunidades rurais, a banda larga começa a marcar a paisagem
ARede nº 85 – outubro de 2012
COM COBERTURA nas cidades mineiras de Caldas, Ipuiuna, Santa Rita de Caldas e Ibitiúra de Minas, o provedor regional de acesso à internet Nowtech também leva o sinal de rádio às principais comunidades rurais desses municípios do Sudoeste mineiro. De seus 1,5 mil assinantes de banda larga, cerca de 10% estão na zona rural. São pequenos agricultores, alguns fazendeiros e grandes empresas, como as que exploram minério na região.
A antena que leva internet para a comunidade de São Bento de Caldas é alimentada por painel solar. São 40 assinantes que pagam R$ 44,90 mensais por uma velocidade de 520 kbps, com garantia de entrega de 40% em contrato. São Pedro de Caldas também tem painel solar. Os 45 clientes da comunidade, diz Marcelo Couto, presidente da Nowtech, não têm o que reclamar da qualidade do sinal. Desde que o serviço começou a ser prestado, há 16 meses, o sinal não caiu nenhuma vez.
A Nowtech não é exceção. Vários provedores regionais passaram a enxergar na banda larga rural um negócio viável. Enquanto as fazendas isoladas têm de ser atendidas via satélite, um acesso mais caro e, portanto, limitado, as comunidades distantes até 20 quilômetros da sede do município estão sendo atendidas por infraestrutura de rádio, que utilizam frequências não licenciadas, normalmente na faixa de 5,8 GHz.
A qualidade do acesso à internet varia de comunidade para comunidade, pois depende da arquitetura da rede e da capacidade do link em relação ao número de assinantes. As quedas de sinal, que Couto diz que nunca ocorreram em São Pedro de Caldas, são bastante frequentes nos Coelhos, bairro da zona rural do município de Cabo Verde, a 60 quilômetros de Caldas.
Nessa comunidade, a banda larga não existe só na escola municipal Pedro de Souza Melo ou nas sedes de fazendas, como a Ponto Alegre, que produz café certificado para exportação. A banda larga está em cerca de 50 casas de pequenos proprietários rurais, que, como todos no bairro, se dedicam ao cultivo do café. Por isso, toda casa, mesmo modesta, tem um pequeno terreiro cimentado à frente, usado para secar o café.
À essa paisagem tradicional, e à acidentada geografia da zona rural, de morros e encostas, agora vieram se juntar as antenas da banda larga, que decoram o telhado das casas ao lado das tradicionais parabólicas da televisão via satélite. Gustavo e Maria Taynara já passaram pela EM Pedro de Souza Melo e hoje cursam a 7ª série na Escola Estadual Major Leonel, em Cabo Verde. São vizinhos nos Coelhos e colegas de classe. Ambos usam muito o computador para navegar nas redes sociais. Pesquisa para a escola, só de vez em quando. “Os professores não dão muita tarefa com pesquisa”, justifica Taynara.
A dupla de amigos, que ganhou dos pais o computador, só reclama quando a internet fica fora do ar. O provedor que atende os moradores dos Coelhos é a Plugnet, da vizinha Monte Belo. O sinal é, como em toda a região, transmitido via rádio. Por R$ 55 mensais, Gustavo e Taynara têm acesso à velocidade de 1 Mbps.